A nova política de imigração do governo Trump deverá, mais cedo ou mais tarde, respingar sobre os milhares de brasileiros que buscam, todos dias, os consulados americanos no Brasil em busca de um visto para os Estados Unidos.
Por enquanto, as restrições recaem sobre cidadãos de seis países do Oriente Médio e do Norte da África, de maioria muçulmana, e que enfrentam problemas internos com conflitos e terrorismo. Mas a tentativa de colocar o imigrante no centro dos problemas econômicos internos – como o desemprego – é um indicativo de que a política anunciada hoje é só o começo.
– Pela conjuntura da agenda Trump, a tentativa de colocar o estrangeiro como ameaça à sociedade e ao emprego local, os brasileiros não passarão incólumes pela nova política – avalia o professor de Relações Internacionais da ESPM, Fabiano Mielnizcuk.
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Os dados recentes sobre a concessão de vistos já vêm indicando endurecimento na admissão de brasileiros em solo americano.
Até 2013, as taxas de rejeição na emissão de vistos aqui no Brasil giraram em torno de 5%. A partir do agravamento da crise financeira – e o consequente crescimento da procura de viagens para os Estados Unidos –, as negativas cresceram e, no ano passado, chegaram a 15%. A nova diretriz pode significar um rigor ainda maior.
O conteúdo das medidas de Trump não surpreende. Nada do que ele fez até agora ficou de fora do script usado nos discursos da campanha eleitoral.
O muro na fronteira com o México esteve em cada comício e em todos os debates eleitorais. Dizer que vai construir e cobrar a conta do México supera a fronteira do razoável e se encaixa na bravata característica de Trump. Mas nem isso deixa se ser preocupante.
Neste discurso está claro que, de alguma forma, o México será penalizado: seja pela revisão de acordos comerciais ou sanções ao vizinho, que possam representar benefícios econômicos aos Estados Unidos.
Em breve, Trump se encontrará com o presidente do México e isso ficará mais claro. O que é espantoso é a velocidade com que as ordens estão sendo dadas. A agenda Trump avança como uma locomotiva. Resta saber se ela se manterá nos trilhos com tamanha velocidade.
*Zero Hora