A China está "gravemente preocupada" com as declarações do presidente eleito Donald Trump que, no domingo, ameaçou restaurar relações com Taiwan, deixando de lado o compromisso de quase 40 anos dos Estados Unidos com Pequim, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa.
Se Washington romper o compromisso, "o saudável e estável crescimento da relação China-EUA, assim como a cooperação bilateral em grandes áreas estariam fora de questão", advertiu o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores Geng Shuang.
– A questão de Taiwan afeta a soberania e a integridade territorial da China. Está ligada aos interesses fundamentais da China. O respeito do princípio de uma só China é a principal do desenvolvimento das relações China-EUA – recordou Geng.
Leia mais
Rússia interferiu para que Trump vencesse nas eleições dos EUA, diz CIA
Revista Time escolhe Donald Trump como "personalidade de 2016"
Conversa de Trump com presidente de Taiwan ameaça irritar China
Em uma entrevista no domingo ao canal Fox, Trump ameaçou deixar de lado o "princípio de uma só China". Para todos países que desejam estabelecer relações diplomáticas com os chineses, Pequim exige o reconhecimento deste princípio.
A determinação impede qualquer independência formal de Taiwan, separada politicamente do continente desde 1949 e que Pequim deseja unificar com restante da China.
– Não entendo por que temos que estar atados a essa política, a menos que consigamos um acordo com a China sobre outros temas, incluindo o comércio – disse Trump.
O presidente eleito já havia provocado o descontentamento de Pequim ao conversar por telefone, em novembro, com a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen. Um jornal chinês advertiu, nesta segunda-feira, o "ignorante" presidente eleito Donald Trump contra qualquer reconhecimento oficial americano a Taiwan.
"A política de uma só China não é negociável", adverte um artigo, sem o nome do autor, publicado no site do jornal nacionalista chinês Global Times, que considera Trump "tão ignorante como uma criança" em termos de diplomacia.
Se o próximo presidente americano apoiar abertamente a independência de Taiwan e aumentar a venda de armas à ilha, Pequim poderia então passar a respaldar "forças hostis aos Estados Unidos", adverte o artigo.
"Por quê não poderíamos respaldá-las ou vender armas secretamente?" questiona.