Movido pela curiosidade em 2008, após Fidel Castro passar em definitivo o poder ao irmão Raúl Castro, fui a Cuba perceber os primeiros sinais de mudanças no país que por mais de 50 anos sofria o embargo econômico e com os efeitos das diferenças políticas com os Estados Unidos.
Ao descer no Aeroporto Internacional José Martí, que leva o nome do grande poeta cubano, defrontei-me com a guarda militar e com a sensação de que ainda persiste nas ruas a Revolução Cubana (responsável por derrubar o governo de Fulgêncio Batista, em janeiro de 1959).
Quando deixei o aeroporto para trás, outras percepções tomaram conta. O que me deixou realmente entusiasmado foi o povo cubano, um grande patrimônio, de uma grandeza imensa, educação e a forma como fui recebido por onde andei aos longo de mais de 30 dias nas duas viagens que realizei em 2008 e 2009.
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Conversando com as pessoas, desejava saber sobre a relação com Fidel Castro, que recém tinha transferido o poder. Percebi que o povo, principalmente as pessoas de meia idade, nutre o sentimento de respeito e admiração ao líder da Revolução Cubana. Os jovens o olhavam como uma grande avô, mas desejavam ardentemente as transformações, o acesso a celulares, internet e a outros bens de consumo, tão restritos no cotidiano.
Fotografar em Cuba foi como se sentir em casa, uma relação imediata com a luz, que generosamente se espalha pelas "calles" de Havana, moldando o povo que segue no cotidiano de um país que passa sensação de estar parado no tempo.
A morte de Fidel Castro deve acelerar e facilitar as mudanças que já estão acontecendo. Com o episódio, as percepções da trajetória do líder cubano entram em definitivo na história. Com o transcorrer do tempo, poderemos ter a dimensão de seus feitos, desta figura tão controversa, amada por muitos e por outros tantos odiada.