A Ucrânia inaugurou nesta terça-feira uma cúpula de metal construída sobre o reator afetado da usina de Chernobyl, onde ocorreu o pior acidente nuclear da história.
Aqui estão as datas principais desta catástrofe que causou, segundo algumas estimativas, milhares de mortos e contaminou três quartos da Europa.
01h23, o reator explode
- 26 de abril de 1986: às 01h23 da manhã, o núcleo atômico do reator número 4 da usina soviética de Chernobyl (norte da Ucrânia) explode durante um teste de segurança, devido a erros de manipulação, fazendo pedaços do edifício voarem e liberando uma fumaceira radioativa.
Os primeiros bombeiros que chegam ao local recebem doses enormes de radioatividade. Entre os funcionários e socorristas, dois morrem no momento, e 28 nas semanas seguintes.
O combustível nuclear queimaria por mais de dez dias, e seriam necessárias milhares de toneladas de areia, argila e chumbo, distribuídas por helicópteros, para controlar os vazamentos.
A nuvem contamina a Europa
Nos dias seguintes, a nuvem radioativa contamina fortemente a Rússia, Ucrânia, Belarus, na época repúblicas soviéticas. Após atingir os países escandinavos, contamina a Europa Central e os Bálcãs, a Itália, França, Grã-Bretanha e Irlanda.
A evacuação de Pripyat, cidade de 48.000 habitantes a três quilômetros da usina, só ocorre um dia e meio após a explosão. As tradicionais cerimônias de 1º de maio foram celebradas como de costume em Kiev, situada a apenas uma centena de quilômetros de Chernobyl. Em 1986, são evacuados mais de 110.000 residentes de um bairro de cerca de 30 quilômetros em volta da usina, uma área que continua sendo uma zona de exclusão até hoje.
O primeiro alerta é dado em 28 de abril, pela Suécia, que detectou um aumento da radioatividade em seu território. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recebe uma notificação oficial do acidente em 30 de abril. Mas o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, não admitiria publicamente o ocorrido até 14 de maio.
Outros três reatores da usina continuam produzindo eletricidade até dezembro de 2000.
Um sarcófago sobre o reator
- Novembro de 1986: é concluída a instalação de um sarcófago de concreto de 50 metros de altura sobre o reator 4 para isolar 200 toneladas de magma radioativo. Em um primeiro momento, as autoridades acreditam que o sarcófago duraria entre 20 e 30 anos, mas sua vida acabaria sendo mais curta. Em 1999, seriam realizadas as primeiras obras de reforço, que se repetiriam em 2001, 2005 e 2006.
Entre 1986 e 1990, cerca de 600.000 soviéticos chamados de "liquidadores" são enviados para o lugar, com pouco ou nenhum equipamento de proteção, para construir a camada de concreto e descontaminar a zona.
- Outubro de 1991: o reator número 2 fica fora de serviço após um incêndio.
Fechamento da usina
- Abril de 1995: o presidente ucraniano, Leonid Kuchma, se compromete a fechar Chernobyl antes do ano 2000. A União Europeia e o G7 (grupo dos sete países mais industrializados) prometem em dezembro desse ano uma ajuda de 2,3 bilhões de dólares.
- Novembro de 1996: Kiev desativa o reator número 1.
- Setembro de 1998: dado que o sarcófago, construído às pressas após a tragédia, ameaça afundar, são iniciadas as obras para reforçá-lo, que se prolongariam por uma dezena de anos, no valor de 760 milhões de dólares.
- Dezembro de 2000: a pressão dos países ocidentais leva o el último reator operativo (o número 3) a ser desativado, marcando o fechamento definitivo da usina.
Balanços controversos
- Setembro de 2005: um controverso relatório da ONU estima em 4.000 o número de mortes ocorridas ou por ocorrer nos três países mais afetados. Um ano depois, a ONG Greenpeace avalia em 100.000 o número de óbitos provocados pela catástrofe.
Já as autoridades ucranianas informam, em 1998, sobre cerca de 12.500 mortos entre os liquidadores.
Nova muralha
- Agosto de 2010: após anos de discussões, é iniciada a construção, realizada pelo consórcio francês Novarka, de uma nova cúpula protetora, de 180 metros de altura. A montagem começa em abril de 2012. As obras, calculadas em cerca de 2,1 bilhões de euros, são financiadas pela comunidade internacional. Os fundos para garantir a segurança do local são administrados pelo Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).
- Novembro de 2016: o gigantesco arco de aço, de 36.000 toneladas, é instalado por cima do antigo sarcófago. Com ao menos 100 anos de duração, esta cúpula permitirá realizar com total segurança as operações de descontaminação no interior do reator acidentado.
* AFP