Foi com grande alegria que os extremistas islâmicos receberam a vitória de Donald Trump e comemoram, nas redes socais, as vantagens da eleição do magnata, que é abertamente hostil ao mundo muçulmano.
Antes da eleição, o grupo extremista Estado Islâmico (EI), perseguido no Iraque e na Síria por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, tinha considerado não haver diferença real entre o bilionário populista e sua rival Hillary Clinton.
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Mas, quando o resultado da eleição se aproximava, alguns partidários da organização extremista não esconderam seu entusiasmo no aplicativo de mensagem instantânea criptografada Telegram com a vitória de Trump.
"Alegrem-se, ele irá mostrar a cara feia da América", escreveu um usuário.
"A vitória de Trump é uma coisa boa para a nação muçulmana", entusiasmou-se outro, antes de explicar: "Eu estou otimista (...), porque ele é um touro estúpido, arrogante e presunçoso e é mais besta que (George) Bush".
"A vulgaridade de Trump vai constranger os tiranos árabes e expandir o campo da jihad", garantiu um participante de um fórum de discussão on-line, entre apoiadores do EI.
Ao longo de sua campanha, o bilionário populista não hesitou em atacar a comunidade muçulmana: seja propondo proibir aos muçulmanos a entrada nos Estados Unidos, ou através de sua língua afiada contra a Arábia Saudita e sua monarquia, detestada pelos jihadistas.
Se o EI não reagiu oficialmente à eleição de Trump, o grupo considerou que os dois candidatos estavam "comprometidos ao lado do Estado judeu e na guerra contra o Islã", de acordo com um artigo em inglês compartilhado nas redes sociais por um de seus organismos de propaganda, Al-Hayat.
"Mulher feminista"
No entanto, Hillary Clinton "é melhor qualificada para o 'politicamente correto', o que lhe dá uma vantagem para esta feitiçaria, que é a hipocrisia", ressaltou o grupo, denunciando "uma mulher feminista".
Trump – que no passado havia indicado, em uma linguagem vulgar, que ele queria "bombardear a fundo" o EI – é "impulsivo e imprevisível", afirmava o artigo.
Alguns partidários do EI, no entanto, consideraram escandalosa a ideia de celebrar a vitória de qualquer candidato para uma eleição "politeísta".
"Ambos são tiranos, e nós só queremos cortar suas cabeças", disse um deles.
Outros extremistas comemoraram o anúncio das manifestações anti-Trump, exagerando a violência que poderiam acontecer.
"Louvado seja Deus, que ele aumente essa reação", comemorou um usuário, em resposta a um vídeo mostrando opositores de Trump agredindo um de seus partidários.
Outro usuário lançou um "apelo urgente" em um fórum de discussão, incentivando os partidários do EI a tuítar mensagens "racistas" pró e anti-Trump.
"Podemos assim inflamar os conflitos e a instabilidade em seu país, talvez eles vão retirar os seus exércitos, ou vão se distrair do nosso precioso Estado", explicou ele, referindo-se ao "Califado", proclamado pelo EI sobre os territórios conquistados no Iraque e na Síria.
Para o ideólogo da Al-Qaeda Abu Mohammed al-Maqdisi, que vive na Jordânia, "Trump no poder poderia ser o início de uma divisão nos Estados Unidos e da era de desintegração", estimou no Twitter.
Mas estes extremistas representam uma pequena minoria. Muitos muçulmanos nos Estados Unidos e ao redor do mundo receberam com horror os resultados da eleição.
"Sinto muito por todos os americanos e muçulmanos (...). Eu sinto muito que vocês terão que tolerar tal idiota. #Oremos", lamentou um usuário no Twitter.
*AFP