A Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou, nesta sexta-feira, a candidatura da Rússia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, barrando a reeleição de Moscou para o órgão, em uma votação que reflete a desaprovação internacional da ação dos russos na guerra síria.
Para o lugar da Rússia, a Assembleia Geral escolheu Hungria e Croácia como representantes da Europa oriental neste Conselho, acabando com uma presença que remontava a 2006. A Rússia obteve 112 votos, enquanto a Croácia recebeu 114 e a Hungria, 144. Os três países competiam por duas vagas regionais.
– Felizmente, Croácia e Hungria, por seu tamanho, não estão expostas aos ventos da diplomacia internacional. A Rússia está muito exposta – disse o embaixador russo junto à ONU, Vitaly Churkin, ao ser consultado sobre o resultado.
Os 193 estados-membros votaram para eleger os ocupantes de 14 das 47 cadeiras do Conselho, cujo trabalho é monitorar e investigar as violações dos direitos humanos em todo o mundo.
"Advertência a Moscou"
Ao menos 80 organizações de direitos humanos e de ajuda humanitária pediram à Assembleia Geral que não votasse na Rússia devido ao seu apoio ao presidente Bashar al Assad, na guerra síria.
A Rússia é acusado pelas potências ocidentais e grupos de direitos humanos de bombardear indiscriminadamente durante sua ofensiva – ao lado das tropas sírias – contra grupos rebeldes no leste de Aleppo.
– Claramente é uma advertência para Moscou – disse John Fisher, diretor em Genebra da Human Rights Watch (HRW).
Trata-se da segunda vez que um membro permanente do Conselho de Segurança é retirado do Conselho de Direitos Humanos da ONU, após os Estados Unidos, em 2001.
A HRW havia advertido que o retorno da Rússia e também da Arábia Saudita debilitaria o Conselho em seu trabalho de responsabilizar os países que desrespeitam suas orientações. O país árabe, no entanto, foi reeleito com 152 votos, e garantiu o assento como parte de um grupo de quatro candidatos disputando as quatro vagas regionais.
A China, também criticada por abusos dos direitos humanos, foi reeleita, assim como Cuba e Egito.
– A eleição da Arábia Saudita como juiz internacional sobre direitos humanos é como uma cidade nomear um incendiário para chefe dos bombeiros – declarou o diretor-executivo da UN Watch, Hillel Neuer.
Criado em 2006, o Conselho de Direitos Humanos monitora as violações e criou uma inovadora comissão de investigação, que examina os supostos crimes de guerra cometidos pela Coreia do Norte. Na semana passada, o Conselho pediu à comissão que investigue a situação em Aleppo.