O que acontece se um candidato à presidência dos Estados Unidos renunciar antes da eleição? Após o mal-estar sofrido no domingo por Hillary Clinton e a divulgação de que a candidata democrata está com pneumonia, esta pergunta atinge com insistência o país.
Caso um candidato seja impossibilitado de continuar na corrida, a Constituição americana não tem nada previsto. É preciso analisar, então, os regulamentos internos dos partidos para encontrar uma resposta.
No Partido Democrata, o artigo 2, seção 7 de seus estatutos prevê que "em caso de vacância na chapa presidencial, deve ser convocada uma reunião especial a pedido do presidente do partido". O cenário seria comparável entre os republicanos.
Nesta reunião do comitê nacional democrata, seria tomada uma decisão por maioria dos presentes. No entanto, não existe nenhum marco preciso para orientar a decisão. Os especialistas têm com três nomes, o candidato à vice-presidência, Tim Kaine, o democrata que obteve mais votos nas primárias depois de Hillary, Bernie Sanders, e o atual vice-presidente, Joe Biden.
Leia mais:
Pneumonia: tratamento, diagnóstico e prevenção
Obama discursará em comício no lugar de Hillary, afastada por pneumonia
Três suspeitos dos atentados em Paris são detidos na Alemanha
Território desconhecido
De fato, explica à AFP David Lublin, professor na American University de Washington, "podem eleger qualquer pessoa" que satisfaça aos critérios para se converter em presidente.
– Estamos em território desconhecido – admite.
Segundo ele, as opções mais lógicas seriam Tim Kaine, seguido de Bernie Sanders, e Joe Biden, muito popular no partido.
Jeanne Zaino, especialista do Iowa College no estado de Nova York, coloca Bernie Sanders como opção mais provável – embora ele seja controverso dentro do partido –, e depois Tim Kaine.
– Os partidos mantiveram intencionalmente a imprecisão sobre o procedimento a ser seguido para não ficar de mãos atadas e correr o risco de ter um candidato que não lhes convenha – disse Zaino.
Inicialmente, porém, seria necessário que Hillary Clinton renuncie a sua candidatura, e os especialistas não acreditam nesta possibilidade.
– É difícil imaginar que faça isso voluntariamente – considera Lublin, destacando que até o momento sua pneumonia é facilmente tratável. Além disso, segundo o professor, o processo de designação de um novo candidato é tão longo e cansativo que o partido certamente não buscará forçar as coisas.
– Esta foi uma temporada eleitoral tão louca que não me surpreende que qualquer coisa possa acontecer, mas não isso. A menos que sua saúde esteja muito pior do que sabemos – avalia Jeanne.
Na história recente dos Estados Unidos foi registrado apenas um caso de abandono durante uma campanha presidencial: o senador Thomas Eagleton (1929-2007), candidato à presidência por um breve período com George McGovern em 1972.