Dois homens morreram na quinta-feira à noite em um bairro de Libreville, capital do Gabão, em confrontos com as forças de segurança.
Bekam Ella Edzang, estudante de Direito de 27 anos, foi atingido por um tiro no abdome e, em seguida, internado, mas não resistiu após passar por cirurgia.
– (Ele) foi ferido pela Guarda Republicana, que lançou gás lacrimogêneo e abriu fogo – disse à AFP um homem que se identificou apenas como Géraud e afirmou ser amigo da vítima.
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O corpo de outro homem, de de 30 anos, foi levado em procissão por manifestantes pelo bairro de Nzeng Ayng. Ele foi atingido por tiros quando estava sentado diante de sua casa, segundo a mãe da vítima.
No total, cinco pessoas morreram em protestos e distúrbios após o anúncio da reeleição do presidente do Gabão, Ali Bongo, na quarta-feira.
Histórico
Ali Bongo Ondimba está no poder desde 2009, seguindo a trajetória do pai, Omar Bongo, que permaneceu no poder durante 41 anos.
Tanto Bongo como Ping haviam proclamado vitória após as eleições de sábado, o que provocou os temores de uma repetição da violência que sacudiu o país depois das eleições de 2009.
Na terça-feira, a Comissão Eleitoral anunciou que o presidente em fim de mandato, de 57 anos, foi reeleito para um segundo período de sete anos com 49,80% dos votos, contra os 48,23% obtidos por Jean Ping, de 73 anos – outrora líder do regime de Omar Bongo, pai do atual presidente.
A diferença de votos foi de 5.594 de um total de 627.805 inscritos no pequeno país petroleiro de 1,8 milhão de habitantes.
Os delegados de Ping questionam os resultados em uma das nove províncias do país, Alto-Ogooué, reduto da etnia Téké dos Bongo. Ali Bongo Ondimba teria recebido nesta província 95,46% dos votos, com uma participação de quase 100% dos inscritos.
Após o anúncio do resultado, confrontos foram registrados entre as forças de segurança e opositores. Ao mesmo tempo, Ali Bongo elogiou uma eleição "exemplar".
A comunidade internacional pediu a publicação dos resultados de todos os locais de votação do país. A União Europeia (UE) considera a situação no Gabão uma "crise profunda" e fez um apelo de calma a todas as partes.