Ao menos 12 pessoas – sete estudantes, dois guardas e três policiais – morreram durante um ataque contra a Universidade Americana em Cabul, que durou mais de dez horas. Ao menos 45 pessoas ficaram feridas durante ação que iniciou na noite de quarta-feira.
– Sete estudantes, um guarda da universidade e outro de um estabelecimento vizinho para surdos morreram – disse à AFP o porta-voz Sediq Sediqqi, acrescentando que dois policiais também morreram.
O chefe da polícia de Cabul, Fraidoun Obaidi, acrescentou que dois agressores também foram mortos.
– Concluímos a operação, dois agressores abatidos – afirmou.
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Entre os feridos no ataque, há alguns em estado grave, revelou o ministério da Saúde. A ação começou com a explosão de um carro-bomba. Em seguida, soldados cercaram rapidamente o centro de estudos, repleto de alunos que trabalham durante o dia e estudam a noite.
Dentro da universidade, o pânico tomou conta dos alunos em meio a explosões e disparos.
– Ficamos presos dentro da minha sala de aula com outros estudantes. Ouvi explosões e disparos perto daqui – afirmou um aluno à AFP por telefone.
Outros estudantes presos postaram várias mensagens de desespero no Twitter. Entre eles Massud Hossaini, fotojornalista da Associated Press e ganhador do prêmio Pulitzer. Em meio ao ataque, "muitos estudantes foram evacuados", segundo o Ministério do Interior.
Conselheiros militares, membros da coalização internacional dirigida pelos americanos, ajudaram as forças afegãs a enfrentar o ataque, de acordo com um responsável americano de Defesa.
Violência
O ataque acontece duas semanas depois que dois professores universitários – um americano e um australiano – foram sequestrados perto da universidade. Ambos professores foram pegos por homens armados na noite do dia 8 de agosto em pleno centro de Cabul, último sequestro registrado contra estrangeiros.
A direção da universidade de elite, que abriu em 2006 e possui atualmente mais de 1,7 mil estudantes, não comentou o incidente.
A Universidade Americana do Afeganistão (AUAF), que tem várias associações e programas de intercâmbio com universidades prestigiadas nos Estados Unidos como Georgetown, Stanford e a Universidade da Califórnia, se apresenta como "a única universidade particular, sem fins lucrativos, apartidária e mista do Afeganistão", república islâmica onde homens e mulher estão, comumente, separados.
O Ministério do Interior indicou no início do mês que o campus estava protegido permanentemente por 70 membros das forças de segurança.
Ofensiva talibã
Este ataque ocorre duas semanas após o sequestro de dois professores desta universidade privada, um americano e outro australiano, cujo paradeiro é desconhecido.
Os talibãs também lançaram um ofensiva contra o governo afegão, apoiado pelo Ocidente, multiplicando os atentados em todo o país. Os rebeldes ameaçam atualmente a cidade de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, defendida por tropas leais a Cabul com o apoio americano.
Helmand é uma das regiões onde mais de produz papoula, base do ópio, fonte de financiamento da revolta talibã.