Manifestações pelo 1º de Maio aconteceram neste domingo em todo o mundo, com gritos de apoio ao governo de Cuba e protestos contra os cortes sociais em Madri, a menos de dois meses das eleições legislativas na Espanha.
Na França, a festa acontecia em um ambiente particularmente tenso, após dois meses de protestos contra um projeto de lei do trabalho e numerosas manifestações marcadas pela violência.
Dezenas de milhares de pessoas – 84 mil, segundo a polícia – marcharam em todo o país, sob alta vigilância policial, que, no entanto, não impediu incidentes.
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Em Paris, onde saíram em passeata 16 mil pessoas, segundo a polícia, e 70 mil, segundo os sindicatos, jovens encapuzados e usando capacetes atiraram garrafas contra as forças de ordem, gritando: "Todo mundo odeia os policiais!". A polícia respondeu lançando gás lacrimogêneo, em incidentes isolados.
O governo havia alertado para eventuais "agitadores" e colocou em prática uma série de medidas para evitar confrontos. Dez pessoas foram detidas na capital, e duas ficaram levemente feridas, segundo a polícia.
Em Madri, milhares de pessoas, incluindo os líderes do Partido Socialista, Pedro Sánchez, e do partido Esquerda Unida, Alberto Garzón, participaram de uma marcha organizada pelos sindicatos CCOO e UGT, atrás de uma faixa em que se lia: "Contra a pobreza salarial e social, trabalho e direitos".
A oito semanas das eleições legislativas, lemas como "Contra os cortes, pelas pensões" dirigiam-se ao governo conservador, enquanto outros, como "Ninguém é ilegal" ou "Não ao TTIP", visavam à União Europeia (UE), sua política de imigração e ao projeto de tratado de livre-comércio com os Estados Unidos.
Em Cuba, centenas de milhares de trabalhadores marcharam em apoio às medidas de flexibilização econômica de Raúl Castro e aos governos ameaçados de Brasil e Venezuela.
Em Istambul, Turquia, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar os manifestantes em vários pontos da cidade, principalmente nos arredores da célebre praça Taksim, onde costuma haver protestos.
Militantes do Partido Democrata dos Povos (HDP, pró-curdos) também foram dispersados pela polícia, que mobilizou quase 25 mil agentes e fechou ruas por ocasião do Dia do Trabalho, quando costumam ocorrer confrontos entre militantes contrários ao poder e forças de segurança.
Na Rússia, cerca de 100 mil pessoas, segundo a polícia, participaram em Moscou de uma grande manifestação organizada na Praça Vermelha, agitando bandeiras e balões em frente ao Kremlin, o que lembrou os grandes desfiles da extinta União Soviética.
Na Polônia, centenas de manifestantes se reuniram em Varsóvia, convocados pelo sindicato OPZZ e o partido de esquerda SLD, e marcharam com calma pelas ruas da capital, onde ocorreram outras passeatas, menores, convocadas por organizações de esquerda.
Na Itália, uma manifestação que uniu os três principais sindicatos (CGIL, CISL e UIL) ocorreu sem incidentes na manhã deste domingo, sob chuva, nas ruas de Gênova, na presença de cerca de 5 mil pessoas.
Na Coreia do Sul, dezenas de milhares de pessoas protestaram contra a anunciada reforma das condições de trabalho, um projeto da presidente Park Geun-Hye e de seu partido, conservador, que prevê facilitar as demissões.
Na Áustria, o chanceler social-democrata Werner Faymann foi recebido com gritos pedindo a sua demissão, ao se dirigir a uma multidão de cerca de 80 mil pessoas em Viena, enquanto tentava defender a política migratória e de emprego da grande coalizão que dirige com os democrata-cristãos.
O Dia do Trabalho, comemorado em diversos países, foi instituído em Chicago, em 1886, por iniciativa de um movimento sindical que reivindicava uma jornada de trabalho de oito horas.