O capitão da balsa que naufragou na Coreia do Sul na quarta-feira defendeu a decisão de adiar a saída dos passageiros da embarcação, onde neste sábado os mergulhadores conseguiram observar corpos flutuando.
Lee Joon-seok e dois membros da tripulação foram detidos neste sábado e terão que responder por acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo.
O homem de 69 anos tem sido muito criticado por ter abandonado a embarcação que naufragou na quarta-feira na costa meridional da Coreia do Sul, enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem escolar, permaneciam presas a bordo.
O balanço mais recente da tragédia registra 32 mortos e 270 desaparecidos. Os mergulhadores, que há três dias lutam contra as correntes e o mar agitado, conseguiram finalmente entrar na área de passageiros, que está totalmente submersa.
- Os mergulhadores viram três corpos através de uma janela. Tentaram recuperar os corpos quebrando o vidro, mas era muito difícil - anunciou Choi Sang-Hwan, subdiretor da Guarda Costeira.
Os familiares receberam neste sábado uma mensagem de pêsames do papa Francisco, que tem uma visita programada ao país em agosto.
" Rezem comigo pelas vítimas da catástrofe da balsa na Coreia do Sul e por suas famílias" escreveu o pontífice no Twitter.
Decisão de adiar a saída
O subdiretor da Guarda Costeira, que afirma ainda ter esperanças de encontrar sobreviventes, informou que serão instaladas redes ao redor da balsa "Sewol" para impedir o afastamento dos corpos.
O capitão e dois tripulantes foram levados para a delegacia de Jindo, a ilha vizinha ao local da tragédia. Lee Joon-seok tentou explicar os motivos de sua decisão de adiar a saída dos passageiros depois que a embarcação ficou imobilizada.
As 476 pessoas que estavam a bordo receberam ordem para que permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos, segundo sobreviventes.
Quando a balsa começou a afundar era muito tarde, já que os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo que a água dominava a embarcação.
- Naquele momento (durante os 40 minutos posteriores ao choque), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar - declarou o capitão com a cabeça abaixada e coberta por um capuz.
- As correntes eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam dificuldades se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas. E teria acontecido o mesmo com coletes - disse.
Revolta dos parentes
Não foram encontrados sobreviventes desde a manhã de quarta-feira. Os 174 sobreviventes foram resgatados poucas horas depois do naufrágio, no mar ou quando pulavam da balsa que ainda afundava.
A embarcação transportava 476 pessoas, incluindo 352 estudantes do colégio Danwon de Ansan, uma localidade ao sul de Seul, que estavam em uma viagem escolar. O vice-diretor da escola, que havia sobrevivido à catástrofe, foi encontrado enforcado na sexta-feira, em um aparente suicídio.
- Sobreviver é muito difícil... Eu assumo toda a responsabilidade - escreveu em uma carta encontrada em sua carteira, segundo a imprensa local.
A revolta dos familiares aumentou nas últimas 48 horas. Os pais acusam as autoridades e os serviços de emergência de incompetência e indiferença.
- Não temos muito tempo. Muitos acreditam que é o último dia possível para encontrar passageiros vivos. Depois de hoje, tudo estará acabado - disse Nam Sung-Won, que tinha um sobrinho de 17 anos a bordo.
A causa do acidente ainda não foi determinada. As informações da Marinha indicam que a balsa girou bruscamente antes de enviar um sinal de socorro. O choque pode ter desequilibrado a carga - 150 automóveis - e inclinado a embarcação.
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Acidente no mar
Capitão de balsa defende decisão de adiar retirada de passageiros
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