Uma mulher grávida com morte cerebral que ficou no centro de uma batalha ética e legal de dois meses de duração sobre se deveria ou não ser desligada dos aparelhos que a mantinham viva foi desconectada das máquinas neste domingo e seu corpo entregue ao marido, informaram os advogados da família.
O anúncio veio poucas horas depois que o hospital que lutou contra a medida comunicou que seguiria a ordem de um juiz para remover a mulher, Marlise Muñoz, do aparelho de ventilação e outras máquinas, podendo fim à batalha legal que acendeu um debate nacional sobre aborto, cuidados no fim da vida e uma lei do Texas que proíbe os médicos de retirar os sistemas de suporte de vida de mulheres grávidas.
O marido de Muñoz, Erick, assim como seus pais, Lynne e Ernest Machado, lutaram pelo direito de a retirar dos aparelhos, argumentando que ela morreu pouco depois de chegar ao hospital, no fim de novembro, depois de sofrer com um aparente coágulo em seus pulmões.
"As famílias Muñoz e Machado agora vão prosseguir com a sombria tarefa de colocar o corpo de Marlise para descansar e lamentar pela grande perda que sofreram", informaram os advogados dos Muñoz, Heather L. King and Jessica Hall Janicek, em um comunicado no qual confirmaram que a mulher foi retirada do sistema de suporte à vida. "Que Marlise Muñoz finalmente descanse em paz, e sua família encontre a força para completar o que tem sido uma longa e triste viagem"
Neste domingo, a Rede de Saúde JPS Health Network, sistema hospitalar que lutou contra a remoção do suporte à vida de Marlise devido à lei texana, cedeu diante da ordem do tribunal. A rede, que administra o hospital John Peter Smith Hospital como parte de um sistema municipal de saúde financiado pelos contribuintes, informou em um comunicado que as últimas semanas foram difíceis tanto para a família da mulher quanto para seus cuidadores, mas defendeu a maneira como lidou com o caso.
- A Rede de Saúde JPS seguiu o que acreditou serem as demandas dos estatutos estaduais - disse a porta-voz do hospital, Jill Labbe. - Desde o início a JPS tem dito que seu papel não era fazer ou contestar a lei, mas segui-la.
Na sexta-feira, um juiz ordenou que o hospital removesse Muñoz, de 33 anos, das máquinas de suporte à vida até no máximo às 17h desta segunda, decidindo que a lei do Texas que obriga a manutenção da vida de mulheres grávidas não se aplicava ao caso porque ela estava com morte cerebral e por isso legalmente morta.