No mais cordial encontro depois da eclosão do mal-estar diplomático entre Brasil e Estados Unidos por conta do escândalo de espionagem de autoridades brasileiras por agências americanas, os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff conversaram brevemente, sorriram e se abraçaram na manhã desta segunda-feira em Soweto, África do Sul. O local serviu de cenário para a missa em memória de Nelson Mandela. As imagens do encontro foram captadas pela TV sul-africana. O teor da conversa não foi revelado.
Foto de Obama e Michelle gera especulação sobre ciúme nas redes sociais
Depois da eclosão do escândalo, Obama e Dilma haviam se encontrado na cúpula do G-8 em São Petersburgo, Rússia, no início de setembro. Na ocasião, porém, a atitude de ambos foi fria, e nenhum dos dois sorriu.
Depois da divulgação do caso de espionagem pelo programa Fantástico, Dilma cancelou visita à Casa Branca programada para outubro. Ela compareceu à Assembleia-geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York, mas não se encontrou com Obama.
>> Assista a cena do encontro de Obama, Castro e Dilma:
Pouco antes de subir ao palco para discursar, Obama ofereceu um aperto de mãos histórico ao presidente cubano Raúl Castro. Obama e Castro trocaram algumas palavras antes de o presidente americano abraçar Dilma.
"Ele me fez querer ser um homem melhor." Com essas palavras, proferidas durante discurso na manhã de hoje no estádio Soccer City, em Soweto, África do Sul, o presidente americano, Barack Obama, apontou Nelson Mandela como um exemplo.
- É difícil elogiar qualquer pessoa... e é ainda mais difícil fazer isso com um gigante da história, que levou uma nação em direção à justiça - declarou Obama, depois de ter sido recebido com muitos aplausos pela multidão presente, apesar da chuva, em um estádio de Soweto durante uma cerimônia em homenagem a Mandela.
- Ele não era um busto de mármore, ele era um homem de carne e osso - declarou Obama sobre o homem cujo exemplo inspirou sua própria entrada na política quando ainda era um estudante.
- Nada do que ele conquistou foi inevitável. No arco de sua vida, vemos um homem que conquistou o seu lugar na história através de luta e astúcia, persistência e fé. Ele nos mostrou o poder da ação, de correr riscos em nome de nossos ideais - ressaltou.
Obama e a primeira-dama Michelle Obama foram acompanhados na cerimônia por outros três ex-presidentes dos Estados Unidos, Jimmy Carter, George W. Bush e Bill Clinton, que estava sentado ao lado da ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Obama argumentou que, embora a morte de Mandela deva ser marcada por um momento de luto, também deve significar um momento de inspiração, quando as pessoas analisam como podem mudar suas próprias vidas.
E traçou um paralelo entre o triunfo de Mandela sobre o sistema de apartheid racista e a jornada dos Estados Unidos rumo à justiça racial.
- Michelle e eu somos os beneficiários dessa luta - disse Obama, comparando o papel de Mandela na África do Sul com seus próprios heróis políticos, incluindo os pais fundadores e o presidente assassinado Abraham Lincoln.
O presidente, que voou 16 horas para a cerimônia, também criticou líderes autoritários e inimigos dos Estados Unidos que afirmam abraçar o legado de Mandela, mas não agem de acordo com seus ideais.
- Há muitos líderes que dizem se solidarizar com a luta de Madiba pela liberdade, mas não toleram a dissidência de seu próprio povo - declarou, em um comentário que pode ter sido endereçado a muitos dos chefes de governo presentes ao estádio.
Washington rompeu relações diplomáticas com Havana em 1961, após a chegada ao poder de Fidel Castro, em 1959, e a nacionalização de propriedades americanas na ilha. Um embargo dos Estados Unidos foi imposto em 1962, sob a administração de John F. Kennedy. No entanto, os dois países mantêm seções de interesse que atuam como embaixadas.
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