Mesmo difícil de pronunciar, a palavra Kalashnikov virou sinônimo de guerrilha em qualquer parte do mundo. Desde que o russo com esse sobrenome inventou o fuzil automático AK-47, ele virou a arma-padrão dos guerrilheiros planeta afora. Das selvas vietnamitas aos desertos do Norte da África, da China ao Iraque, o fuzil agrada porque é capaz de disparar mesmo após ser mergulhado na água ou enterrado na areia, sem sofrer maiores danos.
Ao contrário de outros fuzis, que disparam tiro a tiro ou de três em três projéteis, o AK-47 foi um dos primeiros a permitir rajadas em que todo o pente é esvaziado. Isso é vital para parar um carro ou até para tentar abater uma aeronave. O projétil é robusto, de aço e com velocidade alta o suficiente para penetrar blindagens de carros-fortes e tanques leves. Atravessa qualquer carro comum. Até por isso se tornou o favorito para cometer atentados terroristas em todos os continentes.
Vi o Kalash, como os árabes gostam de chamar, em ação no Saara, durante a guerra civil da Líbia. Vi ele também no Egito, nas mãos dos soldados que reprimiam as manifestações que derrubaram uma ditadura de mais de 30 anos. Vi ele nas mãos de guerrilheiros colombianos mortos. É universal. Curioso que seu inventor, morto hoje, se recusou a lucrar tudo o que poderia, como inventor de um produto de sucesso. Como ex-comunista da velha guarda, achava que a arma era um patrimônio do governo do seu país.