Mãe e filha viveram o sonhado reencontro durante sete dias de pura emoção em São Petersburgo.
Foi uma semana em que Rosangela Maciel, a mãe da ativista do Greenpeace Ana Paula Maciel, pôde constatar o seguinte: a filha se dá o luxo de passear pelas ruas da cidade de quase 5 milhões de habitantes, come refeições japonesas e italianas, toma sua cervejinha nos bares, mas tem de dormir no hotel.
Detalhe: o hotel, no centro de São Petersburgo, foi fechado para os 30 ativistas soltos sob fiança. Ninguém mais pode se hospedar lá. E todos os 30 precisam retornar da rua para dormir nas suas dependências.
Ou seja, a bióloga Ana Paula e seus colegas vivem em uma espécie de regime semiaberto, com a ressalva de que, em vez de se recolher ao presídio, retornam, todas as noites, ao hotel.
Rosangela chegou a Porto Alegre no sábado. Enquanto dava uma "entrevista coletiva" a cerca de 20 parentes em um churrasco dominical, relatou a Zero Hora seu encontro com a filha, de 31 anos.
Bióloga tem de comparecer periodicamente à justiça
- Quando cheguei a São Petersburgo (às 18h de sábado, dia 22), ocorreu algo que jamais vou me esquecer. Na sala de embarque, ouvi "mãããee"... Nos abraçamos, eu disse o quanto a amo e o quanto me orgulho dela. Fomos então para um carro do Itamaraty, depois tomamos banho nos nossos hotéis e jantamos. Começou ali uma sequência de dias inesquecíveis - conta Rosangela.
Todos os dias, a mãe enfrentava a temperatura que chegava a 6ºC negativos. Caminhava com rapidez até o hotel da filha ("se não fosse rápido, congelaria", diz Rosangela) e a encontrava para passearem.
Passearam muito. Diminuíram a tensão. O único rompimento da rotina ocorreu na quinta-feira, quando Ana Paula se apresentou à Justiça para depor e mostrar que não saiu da cidade. Voltou calada, proibida de detalhar a audiência e cumprindo a determinação por temer que lhe tirem a "liberdade vigiada", como Rosangela define.
Mãe, filha e sobrinha foram a lojas e shoppings, experimentaram comidas, decepcionaram-se com a insipidez dos pratos russos, à base de frango e repolho. Tinham o dia curto. O sol aparece por volta das 10h e dá as caras apenas até as 17h30min.
- Foi maravilhoso, tanto eu quanto ela ficamos mais fortalecidas para enfrentar a investigação que talvez leve um ano - diz Rosangela, que viajou acompanhada da neta Alessandra.