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O Greenpeace International rebateu nesta quarta-feira as novas acusações do comitê de investigação com sede em Moscou. As autoridades russas afirmam ter encontrado na embarcação Arctic Sunrise produtos entorpecentes, aparentemente dormideira e morfina, assim como equipamentos tecnológicos suspeitos. Esses equipamentos tinham "um duplo propósito e poderiam ser utilizados não apenas para fins ecológicos", segundo o governo russo.
O Arctic Sunrise foi apreendido no dia 19 de setembro e toda sua tripulação está presa desde então na região de Murmansk, na Rússia, após um protesto do Greenpeace em uma plataforma de petróleo da companhia russa Gazprom no Ártico. Dois ativistas tentaram escalar a plataforma para exibir uma faixa de protesto contra o início das primeiras atividades de exploração de petróleo em águas congeladas do Ártico. Desde então, os 30 tripulantes, entre eles a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, foram presos preventivamente até 24 de novembro e acusados de pirataria. O crime pode ter pena de até 15 anos de prisão.
Veja a nota do Greenpeace sobre as novas acusações:
"Em resposta às alegações feitas pelo Comitê Russo de Investigação de que narcóticos teriam sio encontrados a bordo do navio Arctic Sunrise e que, portanto, outras acusações estariam sendo consideradas, o Greenpeace Internacional tem a esclarecer:
Nós podemos somente presumir que as autoridades russas se referem às medicações obrigatórias que carregamos a bordo, o que é estipulado pela própria legislação marítima.
O navio foi vistoriado semanas atrás pela Guarda Costeira Russa, que buscou provas criminosas em cada canto da embarcação, o que nos leva a crer que essa alegação, agora, foi pensada para desviar a atenção do julgamento em Murmansk, que sofre cada vez mais pressão internacional. Qualquer declaração de que drogas ilegais foram encontradas no navio é pura invenção.
O Greenpeace mantém uma rigorosa política contra o uso recreacional de drogas a bordo de seus navios. Qualquer alegação de que, além de medicamentos, drogas foram encontradas, é considerada altamente suspeita. Antes de deixar a Noruega rumo ao Ártico russo, o navio foi vistoriado inclusive por um cão farejador, como norma padrão. As leis norueguesas estão entre as mais duras do mundo e nada foi encontrado, porque não havia nada ilegal.
O Arctic Sunrise é considerado como território holandês e, estando em águas internacionais, está sujeito às leis da Holanda. É ilegal navegar um navio de bandeira holandesa sem os suprimentos médicos obrigatórios por lei.
O navio tinha a bordo um médico totalmente capacitado com mais de dez anos de experiência em hospitais russos. Alguns dos remédios eram mantidos em segurança num cofre, sob acesso apenas do capitão e do médico. Sabemos que o cofre foi arrombado pelas autoridades russas durante a inspeção do navio. Presumimos que são esses os medicamentos aos quais o serviço de segurança russo se refere.
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