Eu tenho amigos que fingem ter alergias para não darem bichos de estimação para os filhos, atitude que considero vergonhosa em muitos níveis. Fico ofendido que tais "amigos" não tenham me contado o ardil até nosso gato já haver chegado - junto com dois cachorros, vários peixes e uma lagartixa.
Todos eles me ensinaram lições familiares valiosas quanto a enriquecer as vidas dos outros. E por outros, me refiro aos acionistas das indústrias de suprimentos para animais de estimação.
Embora (mais ou menos) adoremos nossos bichos, minha esposa e eu gostaríamos de nos sair melhor equilibrando sua saúde física com a nossa saúde financeira. Assim, liguei para vários especialistas em busca de dicas sobre como andar nessa corda bamba com Luna (a boa cachorrona), Pippi (o cãozinho chatinho), Kukio (a gata que dá muito trabalho), Yoshi (a lagartixa inescrutável) e os inúmeros peixes que ocupam nosso tanque de algas.
Compunham meu painel de peritos o Dr. Bruce Kornreich, diretor associado para educação e expansão do Centro de Saúde Felina da Universidade Cornell, Spike Carlsen, autor e ex-editor executivo da revista especializada em reforma de casa "Family Handyman", Amy Britton, dona da Artisan Kitchens, empresa de design de Cape Cod, Massachusetts, e Cesar Millan, o especialista em comportamento canino e editor do site Cesar's Way. Seus conselhos: modificações quase baratas em casa, na hora certa, podem ajudar os donos de animais a economizar dinheiro, mantê-los saudáveis, deixar a casa cheirosa e sem parecer demais um zoológico.
Felizmente, a maioria dessas modificações pode ser feita na parte interna durante uma onda de calor. Infelizmente, muitas delas envolvem engatinhar pela principal batalha entre o bicho e seu proprietário: o chão.
Cresci numa casa na qual determinado canto do tapete acionava a bexiga do meu cachorro, independentemente do tempo que ele passasse zanzando lá fora. Limpar com vapor não resolvia o problema nem reduzia o fedor, o mesmo se dando com vários sprays.
Fralda para cães poderia ter ajudado. Ou taxidermia.
Para uma casa com cachorrinhos ou gatinhos, meus especialistas sugeriram trocar o carpete por assoalho de madeira ou ladrilho e argamassa escura para não mostrar manchas. Britton mandou evitar lajotas de pedra natural, pois podem manchar se não forem muito bem seladas.
Na minha casa, quase todos os pisos são de madeira ou cerâmica, assim sofremos pouco durante os primeiros anos de nossos animais. Porém, alerta Kornreich, essas superfícies escorregadias poderiam representar problemas num estágio posterior da vida deles caso tenham problemas de articulações; assim, ele sugeriu colocar passadeiras nos dias chuvosos para bichos envelhecidos.
Como alternativa, Britton recomendou placas de carpete, como as produzidas pela Flor.
De acordo com ela, "caso uma folha manche e vire um problema, dá para tirá-la e botar uma nova".
A ideia me pareceu boa, assim experimentei as placas House Pet, da Flor, (US$ 14 por aproximadamente 50 centímetros quadrados), feitas de poliéster lavável. Para instalar, colocam-se adesivos circulares na intersecção de quatro placas. Em cerca de 90 minutos, eu havia coberto uma sala de sete metros quadrados.
Todavia, as placas da House Pet parecem mais adequadas para um escritório do que para uma casa e as fibras são mais ásperas do que as de outros produtos da Flor. Como as placas podem ser removidas sem danificar o piso, talvez eu as guarde até meus bichos envelhecerem. Enquanto isso, caso sofram acidentes, vou intensificar a limpeza, com um limpador (Crypton Mess Eliminator, US$ 10 por 946 mililitros) e um desodorizante (desinfetante e desodorizante da Crypton, US$ 10 por 946 mililitros).
Outra proteção contra a incontinência são as portinholas para cães e gatos, conhecidas entre os guaxinins como a melhor invenção de todos os tempos. (Faça uma pesquisa na internet com "guaxinim" e "porta para cachorro" para ver algumas grandes invasões de casas.)
Honestamente, elas funcionam bem para quem se lembra de trancá-las e certos modelos, como a Ideal Pet Products Ruff Weather (US$ 120 para animais de porte médio), conseguem controlar o tráfego de quem entra e sai da casa.
A proprietária da minha loja para animais locais instalou uma na porta da garagem, tornando o abrigo do carro numa espécie de vestíbulo. Eu teria adotado essa ideia, se não fosse o fato de que não temos cerca ao redor da garagem. Nossa única opção viável de porta para cachorro é na entrada da frente, algo esteticamente fora de questão.
No entanto, colocar pequenos portais nas portas internas fazia sentido. Um consultor de energia sugeriu ano passado que puséssemos uma porta para gato no lado inacabado do porão, onde fica a lixeira. Dessa forma, não aqueceríamos um cômodo sem serventia ao deixar a porta aberta.
A instalação é muito simples para quem tem uma serra tico-tico (tico-tico Ryobi 4,8 amperes, US$ 40). A porta para gato PetSafe (US$ 17 para gatos pequenos) inclui um gabarito para traçar o contorno do buraco na porta. Carlsen sugeriu marcar o traçado com uma faca e cortar pela face interior das marcas para não rachar nem soltar cavacos.
Como ele bem observou, "sempre que serramos uma porta, existe a chance de precisarmos comprar uma nova".
Contudo, a ideia do sulco funcionou muito bem e a tarefa inteira demorou 20 minutos.
Se você dominar o bastante a carpintaria básica para construir uma caixa, dá para economizar centenas de itens geralmente encontrados em lojas para animais. Como Carlsen assinalou, donos de peixes, por exemplo, podem facilmente montar uma estante para aquário.
- Só não se esqueça de fazer reforçado e não fraco. Fiz assim e nada se mexe.
Nem ele nem seus colegas consultores tinham sugestões para donos de lagartixas. Nós (e, na verdade, quero dizer minha esposa) tentamos construir uma gaiola grande com tela e grade fina de madeira. Entretanto, depois da quarta fuga de Yoshi, nós a quebramos e gastamos US$ 100 numa gaiola.
As rampas estão entre os projetos mais fáceis de faça você mesmo, e Kornreich e Millan as recomendam para animais envelhecidos.
Encontrei um punhado de demonstrações úteis no YouTube sobre construção de rampas para bichos, depois esbarrei num projeto com maior potencial econômico: um arranhador de vários andares, para impedir que Kukio destruísse nossos sofás.
Anos atrás, jogamos fora US$ 40 num arranhador que parecia ter sido montado em cinco minutos a um custo de US$ 5; a gata não fazia nada com ele. Também tentamos proteções para as garras, espécie de luvas plásticas coladas em cada uma das unhas das patas da frente. Sim, nós fizemos isso. Funcionou até a gata descobrir como se livrar delas.
Então por que não tentar o impossível com um arranhador de luxo de vários andares?
Eu me encaminhei ao Home Depot e gastei US$ 15 em retalho de carpete, recorte de madeira e uma coluna de 1,2 metro que um funcionário cortou para mim. Meu plano era construir um cubo e abrir um buraco com a serra tico-tico, depois cobrir com carpete e colocar em cima do poste.
Por fim, eu enrolaria corda de sisal na coluna e rezaria pela alma de Kukio para que ela o usasse.
O projeto não foi exatamente um gol de placa, graças a vários erros estúpidos. O maior de todos foi acarpetar o cubo depois de pronto, em vez de grampear o material em cada painel antes de montá-lo. Joguei na coisa um punhado de erva-dos-gatos (catnip, gatária), da marca Yeowww!, a US$ 2,80 pelo pacote de 71 gramas, e deixei a gata perto da entrada. A gatinha cheirou uma vez e fugiu correndo. Também tentei um painel para arranhar (Catit Style Bench, US$ 7,50), artigo que ela também ignorou.
Sem dúvida, se o gato destrói os móveis, existem opções mais simples. Sprays que repelem os bichanos funcionam para algumas pessoas (repelente para filhotes e adultos Keep Off!, US$ 7,50 por lata de 177 mililitros), mas quando borrifei um pedaço da área do tapete na qual Kukio afia as unhas, ela se sentou bem no meio do local e ficou me olhando.
Fita dupla face aplicada ao sofá (Scotch, US$ 2,50 o rolo de 6,3 metros) a repeliu com mais eficácia, mas o resultado é só um pouco mais bonito do que um sofá detonado.
Para cães que estragam sofás, uma capa (Crypton's Throver, US$ 100) funciona bem para proteger pontos frequentados pelo cachorro quando você não está em casa.
Felizmente, de acordo com Britton, adaptações podem melhorar a aparência de um cômodo. Ela sugeriu abrir buracos na parte de baixo de um armário e colocar as tigelas de comida dentro, para ganhar espaço na cozinha e esconder a ração derrubada. A mesma opção também pode ser empregada num móvel vintage.
Para cães idosos com problemas nas juntas ou de visão, a sugestão de Millan foi radical: esvaziar um cômodo no andar térreo da casa e colocar uma caminha no chão perto da porta (cama Crypton, US$ 124 para cães grandes).
- Se não, eles sabem que não conseguem sair a tempo e se sentem muito mal. Vou sentir falta de dormir com ele, mas eu não sou o mais importante agora, e sim o que é melhor para ele.