O site Wikileaks anunciou o início da publicação de mais de dois milhões de e-mails de figuras políticas sírias e outras fontes, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira em Londres.
- Agora, às 11h (7h de Brasília) de 5 de julho, o WikiLeaks começou a publicar os arquivos da Síria, mais de dois milhões de mensagens eletrônicas de figuras políticas sírias, ministérios e empresas associadas que vão de agosto de 2006 a março de 2012 - afirmou a porta-voz do site, Sarah Harrison.
A porta-voz se recusou a apresentar detalhes sobre o conteúdo das mensagens "até que sejam publicadas" e deu a entender que, por sua amplitude, o processo pode demorar algum tempo.
A organização terá a colaboração de parceiros nos Estados Unidos, Líbano, Egito, Alemanha, França, Itália e Espanha.
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirma em um comunicado divulgado da embaixada do Equador, onde está refugiado desde 19 de junho à espera de uma resposta de Quito sobre o pedido de asilo, que o novo material é "embaraçoso".
"O material é embaraçoso para a Síria, mas também é embaraçoso para os opositores externos da Síria. Ele não nos ajuda apenas a criticar um grupo ou outro, mas a compreender seus interesses, ações e pensamentos. Somente entendendo o conflito poderemos trazer uma solução", afirma o australiano de 41 anos no comunicado.
O primeiro documento revela, segundo o WikiLeaks, que a gigante italiana de defesa Finmeccanica tem fornecido equipamentos de comunicação para o regime sírio desde o início do conflito. O sistema foi proporcionado pela SELEX Elsag, subsidiária da Finmeccanica, informa o documento do WikiLeaks publicado na revista italiana L'Espresso.
O presidente sírio Bashar al-Assad enfrenta desde março 2011 uma revolta popular cada vez mais parecida com uma guerra civil e que provocou 16,5 mil mortes, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma ONG com sede em Londres. O WikiLeaks provocou uma grande indignação do governo dos Estados Unidos depois da publicação de centenas de milhares de documentos secretos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão, e 250 mil telegramas confidenciais do Departamento de Estado.
O anúncio foi feito um dia depois de a Rússia ter negado um debate com Washington sobre a oferta de asilo para Bashar al-Assad e um dia antes de um encontro em Paris dos "Amigos da Síria", grupo de países que apoiam ações mais rígidas contra o regime.
De acordo com o WikiLeaks, 2.434.899 e-mails são de ministros sírios, incluindo os das pastas das Relações Exteriores, Finanças e Assuntos Presidenciais. Cerca de 400 mil mensagens estão em árabe e 68 mil em russo.
Em Beirute, o jornal libanês Al-Akhbar, visto como um aliado do governo de Damasco, informou que "trabalhará com o WikiLeaks nas próximas semanas para divulgar o maior número possível de e-mails que detalhem os movimentos da elite política e econômica da Síria".
