Duas décadas depois de ser anunciada vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi recebeu neste sábado em Oslo, na Noruega, a distinção.
A veterana dissente e heroína política de Mianmar (antiga Birmânia), a líder se comprometeu a manter seu combate pela democracia e fez um apelo à reconciliação em seu país.
Quando o Nobel da Paz foi concedido a ela em 1991, Suu Kyi preferiu não viajar a Oslo para recebê-lo por medo de não poder voltar e ter de permanecer no exílio. Com seu gesto, converteu-se na imagem da oposição pacífica no mundo.
Com uma flor presa nos cabelos, como de costume, e usando um tradicional vestido violeta e uma longa echarpe, a chamada "Dama de Yagun" foi ovacionada por um grupo de personalidades e representantes do exílio birmanês.
Ao final de um ano marcado por reformas realizadas pelo atual regime birmanês Suu Kyi reiterou seu "otimismo prudente" ante a transição democrática. O país é dirigido pelo presidente Thein Sein, um ex-general que constituiu um governo quase inteiramente civil:
- Se me manifesto assim, não é porque não tenho confiança no futuro, e sim por que não quero fomentar uma confiança cega.
Apesar de o governo birmanês ter assinado um cessar-fogo com a maioria dos grupos étnicos rebeldes, ela recordou que os conflitos não terminaram.
- As hostilidades não cessaram no extremo norte. No oeste, a violência comunitária se manifesta na forma de incêndios e assassinatos - afirmou Suu Kyi.
Os confrontos entre budistas e muçulmanos já deixaram ao menos 50 mortos desde 28 de março, de acordo com a imprensa oficial.