A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) emitiu nota nesta quarta-feira (11) para se manifestar sobre reportagem de GaúchaZH, a qual mostrou que Francisco Novelletto, presidente da entidade esportiva, emprestou R$ 50 mil do caixa da instituição para o empresário de futebol Fernando Otto. À época, Otto atuava profissionalmente no Guarani de Venâncio Aires e disse que precisava do valor para pagar salários atrasados de jogadores e evitar que eles deixassem de entrar em campo em um jogo decisivo da Divisão de Acesso.
O empréstimo da FGF para Otto ocorreu em setembro de 2016 e foi negociado em mensagens de WhatsApp, as quais foram inseridas em relatório da Operação Rebote, do Ministério Público, que investiga supostos desvios de recursos no Inter. Otto prometeu quitar a dívida quando recebesse um valor a que tinha direito junto ao clube, mas isso não ocorreu. Novelletto cobrou Otto por quatro meses, enfatizando que "isso aqui não é meu", se referindo à FGF. O presidente assegura que o valor foi devolvido. Ele apresentou fotocópia de cheque assinado por Otto, de R$ 50 mil, com data de 30 de abril de 2017.
Confira a nota da FGF:
"O Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, sr. Francisco Novelletto Neto, tendo tomado conhecimento da veiculação de maldosa matéria assinada pelo jornalista Carlos Rollsing onde afirma a ocorrência de empréstimo a um amigo pessoal, vem a público esclarecer o que segue: no mês de fevereiro de 2016, a FGF recebeu a informação de que a gestão do departamento de futebol do filiado APAFUT estaria a cargo, entre outros, do Sr. Fernando Otto, mediante instrumento de procuração.
De acordo com o documento acima, o Sr. Fernando Otto representava um clube filiado a entidade e nessa condição, solicitou um auxilio financeiro para quitar compromissos do clube junto aos seus atletas, fazendo, inclusive, menção a uma possibilidade de negativa de participação dos mesmos em um partida válida por competição regional.
Logo, o repasse do valor solicitado foi atendido e direcionado ao filiado por interposta pessoa, regularmente gestor do departamento de futebol, com a ressalva de que tal quantia deveria ser ressarcida a FGF na primeira oportunidade.
O adiantamento de valores aos clubes filiados nada possui de irregular, sendo prática corrente na gestão dos mesmos, especialmente entre aqueles que possuem eventual verba futura a receber. Na condição de Presidente da FGF cabia a mim, uma vez impago o valor, cobrar do gestor o imediato ressarcimento, ressalvando que a entidade logicamente não me pertencia e que, consequentemente, deveria prestar, como sempre o fiz, as devidas contas públicas.
Com o devido respeito, entendo que houve maldade na forma como foi veiculada e proposta a matéria, dando a entender que o adiantamento fora a uma pessoa física, que na verdade, era sabido que exercia a função de gestor de clube, tanto que havia tido relação de parceria com Santo Ângelo, São Luiz, Apafut e Guarani de Venâncio Aires.
Essa é realidade dos fatos relatados, tendo sido omitido ou não informado, que o citado empresário ressarciu a entidade do devido valor adiantado.
Por fim, esclareço que passados aproximadamente dois anos, o sr. Fernando Otto assumiu a gestão do departamento de futebol do filiado Guarani de Venâncio Aires e por tal razão o clube foi citado por mim na matéria.
E quando da fase final da Divisão de Acesso de 2019, o Sr. Fernando Otto abandonou a gestão, deixando suas obrigações com atletas e funcionários em aberto, tendo o então Presidente do clube procurado a FGF solicitando, da mesma forma, um valor a título de adiantamento para repassar aos jogadores evitando a paralisação dos mesmos e a ocorrência de um WO na partida que definiria o clube que ascenderia a divisão de elite do futebol gaúcho.
Visando evitar uma vergonha nacional, que veio a ocorrer no Brasileiro da Série B com o Figueirense, a FGF repassou ao Guarani a quantia, com o comprometimento de ressarcimento, fato que vem ocorrendo e que será compensado com eventuais futuros direitos aos quais o Guarani poderia receber.
Essa a verdade dos fatos. Por fim, respeitando sempre a liberdade de imprensa, é de se repudiar a irresponsabilidade do texto publicado."