Esta é a história de Adalberto e Geneci, Dilmar e Mara, Christian e Daniele, Odilon e Cleci, Flavio e Janete, Silvio e Patrícia, Rodrigo e Tereza, Gilberto e Daniele e Samir e Lizélia, contada pelo Betão. Unidos pelos laços da fé na padroeira do Brasil e pela valorização às tradições, lá estão eles, no frio, na chuva, e nos dias bonitos de temperatura amena que anunciam a chegada da mais linda estação do ano. Cada um dos 384 piquetes do Acampamento Farroupilha (sem contar os veículos de imprensa e patrocinadores), na Capital, tem a sua marca. Ali, no Nossa Senhora Aparecida, ninguém duvida qual é. No fundo da sala, o destaque: uma capelinha com a imagem da santa, também considerada padroeira dos peões e cavaleiros. E o lema do grupo bem claro, à vista de quem quiser um bom papo com um chimarrão na mão: Levando seu nome e a tradição gaúcha a todos os pagos do Brasil.
Tem gente que vem de longe só para pedir a sua bênção, para fazer uma prece. Outros entram no Piquete Nossa Senhora Aparecida e se "arrepiam dos pés à cabeça. Choram e nem sabem o motivo ao certo", lembra o patrão Adalberto Rodrigues Lima Junior. E nem precisa. Afinal, a razão só interessa a eles:
- A nossa ideia é uma só: queremos mostrar sempre o bem que Nossa Senhora Aparecida faz. As pessoas só se lembram de Deus na dor e no desespero. Mas precisamos chamá-lo também nas horas boas, na hora do bolo, dos doces.
À pequena imagem número 2.970, certificação dada pela basílica paulista às réplicas que correm o mundo, cabe uma série de importantes tarefas no acampamento: a abertura oficial do desfile e das gineteadas. E mais: a bênção do próprio parque na Estância Harmonia e, o principal, claro, a missa crioula neste sábado, às 16h30min, no palco central, ao lado do Piquete Canta Galo, onde os cavaleiros amarram seus lenços junto à cruz.
É a liturgia que o representante comercial Betão, 58 anos, se refere como a "igreja viva que queremos no Rio Grande do Sul". A missa começou tímida, na sede do piquete, mas o grande número de interessados determinou a sua transferência para o palco central. Aliás, o arcebispo dom Dadeus Grings é o padrinho do piquete, fundado em março de 2007 e, desde 2009, com a imagem vinda de Aparecida, presente ao acampamento.
Entre um chimarrão e outro - serão 40 quilos de erva até o fim do acampamento - um churrasco e outro - mais 200 quilos de carne, arroz, feijão, tomate e cebola, o grupo de nove casais e seus convidados, literalmente, vai fazendo escola. Não só já receberam prêmios por estarem entre os melhores piquetes dos últimos acampamentos, como participam de outros rodeios, como os de Vacaria e Canela. E, agora, se preparam para uma supermissão. Foram selecionados para recepcionar os turistas na Copa do Mundo.
Ou seja, já ocorreu bastante coisa e bem mais do que poderiam esperar quando o piquete foi criado em uma pequena capela no interior de Glorinha. E que, de lá para cá, deu lugar a reuniões mensais em um galpão em Belém Velho, sede do grupo, onde, com base na mensagem cristã, fazem suas festas e comemoram os aniversários de seus 18 integrantes. E definem detalhes de como levar à frente os próximos eventos.
No acampamento, por exemplo, o custo de montagem, cerca de R$ 10,5 mil, é bancado por dois patrocinadores, um fabricante de botas e outro de chapéus - este ganhou o direito de mostrar na parede todas as fases de produção desde o início com a lã, mal saída do animal.
Se você se interessou pela história, passe lá no piquete. Todos os dias, das 7h às 24h, você vai encontrar uma boa conversa, um chimarrão, um churrasco e até uma cabeça de boi na parede para espantar os maus espíritos.
Com a ajuda da santa, claro.