Moradores de áreas rurais da Campanha estão há cerca de duas semanas sem luz. A reclamação vem, principalmente, de produtores de Pinheiro Machado e Dom Pedrito. O problema maior começou com o temporal que atingiu a região no último dia 19.
Conforme a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), diversas famílias perderam alimentos e cultivos. Além disso, a falta de energia também prejudica a proteção das pastagens, que é feita a partir de cercas elétricas, e o abastecimento de água, que é realizado por bombeamento.
Em Pinheiro Machado, o desabastecimento é registrado em localidades como Cerro dos Cachorros, Passo de Pedra, Passo do Moinho e Olaria.
- As lavouras de pastagem são divididas com cerca elétrica, perdemos carne, perdemos vacinas. Nós fomos no centro da cidade, que fica a 22 quilômetros daqui de casa, em umas péssimas estradas, para carregar telefone. Nós temos que carregar água de balde para usar na casa. Não sei por que eles não vêm. Temos protocolo de todos os dias. Foi ligado, foi avisado, reclamado - diz Lenemar Baladares Alves, de 54 anos, morador da localidade de Olaria.
Em Dom Pedrito, os moradores de Cerrilhada, Três Vendas e Ferraria também estão há duas semanas sem luz.
Moradora de Ponche Verde, Karina Wollmann, 45, ficou 14 dias sem o fornecimento de energia elétrica. O serviço foi normalizado na quarta-feira (2).
- A gente tem compromisso de entregar arroz, tem parcela de banco a pagar. Quando o tempo não ajuda, é a luz que não tem. Não tem um gerente nessa unidade aqui de Dom Pedrito para atendimento ao público. A gente não tem ninguém por nós. É um desrespeito, um descaso, a gente pede para aumentar as equipes, por favor, manutenção na rede.
Produtores de laticínios registram prejuízos por não conseguir manter o queijo resfriado, por exemplo. Já para os arrozeiros, o desabastecimento afeta a ventilação nos silos, o que impacta na qualidade do cultivo.
- Sem falar que tem postes com fios caídos, só que está virando um caos, porque mais de 13 dias sem energia elétrica. Essas pessoas estão perdendo todos os alimentos, então nada que tenha que passar para o resfriamento eles podem ter. O prejuízo para quem é do campo, para a agricultura e a pecuária familiar, ele é gigantérrimo. - afirma Maribel Moreira, diretora da Fetag-RS.
Em nota, a CEEE Equatorial informou que segue atuando para restabelecer o serviço. A concessionária afirma que ainda registra pontos isolados e que a dificuldade de acesso à região rural prejudica o trabalho, mas que os locais estão sendo tratados com prioridade pelas equipes.