Para produtores da agricultura familiar do interior do Estado, as medidas de combate à estiagem anunciadas na quinta-feira (23), pelo governo federal, não contemplam a situação emergencial de seca das propriedades.
Em Espumoso, no norte do Estado, produtores de 23 municípios se reuniram, na tarde desta sexta-feira (24), em uma audiência pública promovida pela Federação da Agricultura Familiar (FETRAF) e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Espumoso (STR) para reivindicar outras medidas, dentre as quais a liberação de 12 toneladas de milho para famílias, com subsídio de 40%, crédito de R$ 10 mil por família com dois anos de prazo e mais oito anos com juro de 2% ao ano e a prorrogação de todas as dívidas rurais por 180 dias.
Artur Diamantino, de 32 anos, produz milho e soja no interior de Espumoso e sente os efeitos da estiagem na sua lavoura:
— A gente vem de três anos complicados, a nossa região tá bem prejudicada. Esse ano é ainda pior que o ano passado. Eu produzo um pouco de gado, mas se não trata já tinha morrido.
Além das ações emergenciais, também são reivindicadas medidas estruturantes, que tenham efeitos a longo prazo.
— Queremos uma pactuação das dívidas dos produtores com dois anos de carência e dez anos de prazo para pagar, além de vinte anos de prazo para pagar o Programa Nacional de Irrigação e um fundo nacional contra catástrofes, com 1% do PIB — explica o membro da direção da FETRAF, Roberto Carlos Iopp.
Para Roberto, o anúncio do governo federal contempla os produtores assentados, mas são insuficientes para os agricultores familiares. Ele pede, inclusive, que o governador Eduardo Leite decrete situação de emergência em todo o Estado.
Além dos produtores, 23 entidades ligadas ao meio rural também estiveram presentes na audiência. Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad, o aumento de irrigação também é uma saída para os agricultores, que hoje esbarram na legislação para fazer a reservação de água.
Ainda, era esperada a participação do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, por chamada de vídeo, o que não aconteceu. Na quinta-feira, o ministro esteve em Hulha Negra, quando foi anunciado o repasse de R$ 430 milhões para os produtores gaúchos.
Agora, uma carta com as propostas será encaminhada à Assembleia Legislativa, senadores e governo federal.