Um vídeo do sistema de segurança dos bombeiros de Santa Rosa, noroeste do Estado, mostra um Peugeot 207 chegando às pressas ao quartel militar, às 21h28min desta quarta-feira (7). Um homem e uma mulher descem do veículo atordoados. No colo da mulher, uma bebê, desacordada, é carregada de barriga para baixo. A menina é Nicoly, 11 meses, engasgada durante o banho ao ingerir água da banheira.
Entregue ao soldado Jacson Welter Simon, ela permaneceu sem respirar na primeira intervenção. Os tapas cuidadosos foram repetidos, sequência que durou cerca de 20 segundos. Logo, Nicoly chorou. O pai da menina, Márcio Rafael Aguirre, 38 anos, chorou junto com a filha.
— Parece que não é verdade, sabe? Parece um filme. Me emocionei demais. Quando ela deu o primeiro choro, chorei junto — relembra o representante comercial.
Após ter o quadro urgente contornado, os bombeiros levaram a bebê ao hospital da cidade. Esse era o destino inicial do pai, que mudou de ideia e resolveu parar no quartel por medo da menina não resistir até ser atendida pelos médicos.
— Lembrei que os bombeiros têm treinamento. Acho que não chegaria com vida ao hospital — afirma o pai.
Treinado, o bombeiro de 33 anos nunca havia utilizado o método além das simulações. Simon diz ter sido “tudo muito rápido” e que a bebê estava “mole”, sem responder aos estímulos:
— Fiz uma vez, não senti reação, quando fiz de novo, senti que ela firmou o corpo. Levantei, coloquei ela de barriga para cima, e vi que havia voltado a respirar.
O soldado aguardou mais alguns instantes, na expectativa que ela expelisse o que obstruía as vias aéreas.
— Agradeço a Deus por estar naquela hora, naquele momento, e conseguir salvar a criança. Nosso dever foi cumprido. Estamos aí para servir, proteger e dar todo o respaldo pra sociedade em momentos difíceis como esse — resume Simon.
No momento do atendimento, o bombeiro conta ter se mantido calmo. Posteriormente, quando o vídeo começou a circular nas redes sociais, diz ter ficado emocionado.
— Me sinto bem, aliviado. Nem sempre se têm êxito — afirma Simon, militar há uma década e há um ano nos bombeiros.
Na manhã desta quinta-feira (8), o pai de Nicoly ainda demonstrava aflição ao relembrar o ocorrido. Ele diz que a filha não demonstrou desconforto durante o banho, que a banheira estava com água rasa, e que a garota permaneceu alguns minutos na cama, brincando, antes de perder a consciência.
A bebê de 11 meses é a filha do meio do casal. Nas imagens, a mulher que a leva no colo é sua tia, cunhada de Aguirre. A mãe de Nicoly está hospitalizada, se recuperando após dar à luz o filho mais novo, Gael, de 20 dias. A outra menina da casa é Kemely, sete anos.
— Os bombeiros dão a vida para salvar as pessoas. Que o Jacson continue sendo assim, e continue ajudando o povo. Isso não tem dinheiro que pague — repete, novamente emocionado, o pai de Nicoly.