Mesmo com a residência alagada — a água chegou a quase dois metros de altura e estragou a maior parte dos móveis e eletrodomésticos —, o morador de Lajeado William Cesar Bottega, 35 anos, se desdobrou para ajudar os vizinhos. A bordo de uma canoa, que foi emprestada por um amigo, ele saiu de casa na quarta-feira (8) para conferir o estrago causado pela chuva no bairro Hidráulica, perto do centro do município, no Vale do Taquari.
O temporal que atingiu o Estado fez com que pelo menos 4,1 mil pessoas tivessem que deixar suas casas no RS, conforme a Defesa Civil.
Segundo o morador, ao longo da quarta-feira, ele e um grupo de vizinhos ajudaram a resgatar cerca de 25 pessoas na região.
— A gente pegava as pessoas de cima do telhado, famílias: criança, adulto, gente de idade. Tinham animais também, tanto nos telhados quanto boiando pelas ruas, cachorro, gato. Uma coisa horrível. Eu dormi meia hora dentro do carro de ontem para hoje, porque tinha muito o que fazer.
Depois de um dos resgates, o barco que usavam foi derrubado por uma onda formada pela água da chuva. Até o momento, o veículo não foi encontrado, segundo Bottega.
— Aí eu consegui uma lancha com outro amigo e fomos resgatar mais gente. Um amigo que estava conosco no barco que virou ficou quatro horas na água, não sabia nadar direito. Precisou ir para o hospital, porque estava com hipotermia. Agora, está bem — relata.
Dos pertences de casa, Bottega afirma que perdeu a maior parte:
— De móvel não sobrou nada. Coloquei alguns em cima de uns cavaletes que tenho, mas não adiantou. Perdemos documentos também. Foi umas duas horas, duas horas e meia, e inundou tudo. Agora ficou só lama e óleo.
— Morei a vida toda em Lajeado e nunca tinha visto enchente desse jeito. Já deu chuva, temporal, mas não assim. Foi muito mais do que o esperado, e mais do que haviam nos avisado que seria — relatou.