O jornalista gaúcho Renan Antunes de Oliveira faleceu na manhã deste domingo (19), aos 71 anos, em Florianópolis, cidade onde vivia há alguns anos. Foi ganhador de um dos mais prestigiados prêmios de jornalismo do país, o Esso de Reportagem Nacional, entre outras premiações. Era dono de uma personalidade forte e indomável. “Uma alma selvagem”, como define a sobrinha Edith Auler, também colega de profissão do tio.
Renan sofreu uma parada cardíaca. Ele tinha feito, recentemente, um transplante de rins e passou um tempo internado no Imperial Hospital de Caridade, em Florianópolis. Em 3 de abril ele postou no Facebook que tinha contraído um vírus no pulmão e assegurou:
“Não, não é o corona. Serão 14 dias em isolamento, muito antibiótico e reza braba. Espero escapar outra vez. Se não der, tchau pra vocês!”.
Mas a suspeita de coronavírus permaneceu, tanto que ele chegou a fazer dois testes. Um deu negativo, do segundo ainda não se tem o resultado, relata o jornalista e amigo Carlos Matsubara, que falou com Renan há poucos dias.
Renan chegou a voltar para casa, no bairro Rio Vermelho. A junta médica avaliou que seria melhor ele permanecer longe do hospital, porque o jornalista estava tomando medicamentos para baixar a imunidade, para a aceitação do novo órgão. O próprio Renan anunciou nas redes que estava começando tratamento com hidroxicloroquina, remédio usado para combater a Covid-19, mas não há confirmação de que tenha desenvolvido a doença.
Renan trabalhou, entre outros, nas revistas Veja e Isto É e nos jornais Diário Catarinense, Gazeta do Povo e o Estado de São Paulo, além de diversos órgãos da imprensa alternativa. Fez coberturas internacionais e chegou a ser preso no Irã, em 2001. O jornalista foi levado para uma cadeia, encapuzado e interrogado durante 30 horas. Na época correspondente do jornal Gazeta do Povo, Renan contou por telefone que estava sendo bem tratado e, bem-humorado, relatou. "Me serviram pão, arroz e lentilhas. Preciso mesmo de uma dieta".
A reportagem que marcou a trajetória de Renan e lhe deu o prêmio Esso de Reportagem é “A tragédia de Felipe Klein”, publicada em 2004 no Jornal Já, de Porto Alegre. No texto o jornalista relata a vida e a morte de um jovem gaúcho, Felipe, filho do ex-ministro Odacir Klein.
Renan atuou também como assessor de políticos de esquerda. Tinha um texto visceral, “abertamente contra as injustiças”, como define a sobrinha Edith. Um de seus trabalhos recentes foi um perfil, crítico, do juiz Sergio Moro. Na última Feira do Livro de Porto Alegre o jornalistas lançou a obra “Em carne viva, com calda de chocolate”, uma coletânea de reportagens.
Nascido em Nova Prata (RS), em 10 de dezembro de 1949, Renan era filho de Edith Maria e Gelci Antunes de Oliveira. Deixa a esposa Blanca e a filha do casal, Guadalupe. E os filhos de relacionamentos anteriores Leonel, Floriano, Jerônimo, Bruno e Catarina. Em função da suspeita de ele ter contraído coronavírus, a despedida será restrita.