A Polícia Civil vai encaminhar para a perícia dentes encontrados por um jornalista em um frigorífico desativado em Ibirubá, no noroeste do Estado, nesta semana. O achado coloca mais um ingrediente na lenda urbana sobre a existência de túneis nazistas no município de 20 mil habitantes. O jornalista Clóvis Messerschmidt diz que a descoberta pode ter ligação com as supostas redes subterrâneas montadas para facilitar o esconderijo e a fuga de nazistas para países do Cone Sul.
Após assistir a uma reportagem na televisão sobre o caso dos túneis, uma idosa, que atualmente mora na Região Metropolitana, teria relatado a Clóvis que uma das estruturas subterrâneas desembocaria no frigorífico. Segundo essa senhora, que alega ter circulado pelas instalações do estabelecimento no passado, o local teria sido utilizado para cremar corpos de pessoas que adoeciam após trabalho extremo na manutenção e ampliação dos supostos túneis. Apontada pelo jornalista como “testemunha-chave” do caso, essa mulher disse ter adentrado, quando criança, em um túnel que fazia ligação de uma casa no centro da cidade com o frigorífico. Ela afirmou ter presenciado uma situação macabra nas dependências da empresa.
— Ela contou, que em uma certa ocasião, presenciou pessoas sendo arrastadas para dentro da caldeira do frigorífico. Ouviu gritos de socorro. Ela lembra de um senhor tentando fugir — afirmou Clóvis.
Após ouvir os relatos da mulher, o jornalista visitou as instalações do frigorífico, fez amizade com o zelador do local e iniciou uma busca por indícios que confirmassem a versão da testemunha. Na última quarta-feira (19), o jornalista encontrou os primeiros dentes aos vasculhar cinzas nas proximidades da caldeira. Um dia depois, voltou e encontrou mais peças e resolveu acionar a polícia.
A delegada Caroline Bamberg, de Cruz Alta, que está responsável pela Delegacia de Ibirubá nas férias da colega Diná Rosa Aroldi, afirmou que um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado. Os dentes apresentados pelo jornalista foram recolhidos e encaminhados para a perícia, que deverá apontar se o material é humano.
— Só a perícia vai dizer se são ou não dentes humanos. Existem muitos animais que têm a dentição, alguns dentes bem parecidos, semelhante aos nossos. Agora, a gente vai verificar isso por meio da perícia — explica a delegada.
Bamberg estima que o laudo poderá apontar também a idade ou quanto tempo os dentes estavam no local. A delegada destaca que o resultado técnico será fundamental para estabelecer os próximos passos da apuração.
Aguardando o resultado da perícia, Clóvis já está alinhando a continuidade de sua busca pelos supostos túneis nazistas:
— Agora em março, estou organizando uma força-tarefa com a UFRGS para geólogos com georradares virem aqui localizar esse túnel do frigorífico. A intenção é fazer um mapeamento subterrâneo dessa saída de túnel.
Até o momento, os supostos túneis não foram encontrados e o mistério que alimenta rumores e a lenda na região segue.
Entenda o caso dos supostos túneis nazistas em Ibirubá
20/09/2019
Após o colunista Tulio Milman noticiar a autorização da prefeitura de Ibirubá para escavações na busca pelos túneis, reportagem de GaúchaZH visitou o município, abordando os mistérios, boatos e curiosidades que cercam o caso.
01/10/2019
Após ser antecipada pelo colunista Tulio Milman e noticiada em reportagem especial de GaúchaZH, escavação na busca por vestígios dos supostos túneis ocorreu no centro de Ibirubá com autorização da prefeitura. Os esforços resultaram na localização de um misteriosa tubulação subterrânea, que não seria de responsabilidade da prefeitura e nem da Corsan.
06/10/2019
Poucos dias após a escavação, a existência de reportagens do jornal Alto Jacuí ajudaram a explicar a origem da misteriosa tubulação subterrânea encontrada no local. Conforme publicação, de 1979, a prefeitura teria instalado na época pelo menos 3.619 tubos de concreto, cada um com um metro de comprimento, nas principais ruas e no interior do município. Os recortes do jornal foram exibidos em reportagem do Fantástico, da Rede Globo, e de GaúchaZH.