SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Instituto Adolfo Lutz, em conjunto com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford, sequenciou o genoma do novo coronavírus que atingiu um brasileiro.
A pesquisa contou com apoio da Fapesp e do Medical Research Concil, no Reino Unido. O projeto Cadde desenvolve técnicas para monitorar epidemias em tempo real.
Ao "soletrar" as letras que compõem as "frases" do genoma do Sars-CoV-2, é possível aprender sobre como o vírus se espalhou e até mesmo detectar mutações que podem aumentar ou atenuar sua transmissibilidade.
O primeiro caso de coronavírus foi primeiramente testado pelo Hospital Israelita Albert Einstein confirmado pelo Instituo Adolfo Lutz em 26 de fevereiro. O paciente esteve no norte da Itália, que, na última semana, vivenciou um surto da doença, que se espalhou pelo país.
A análise, preliminar, está disponível no fórum de discussão Virological.org, que é acessado por cientistas de todo o mundo.
"O feito científico que os pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz concluíram hoje é grandioso e merece todos os nossos agradecimentos. O sequenciamento genético do coronavírus é um trabalho inédito e absolutamente fundamental para que novas vacinas sejam desenvolvidas. Isso mostra o comprometimento do Governo de São Paulo com o combate ininterrupto ao coronavírus e nosso apoio total à comunidade de pesquisadores em saúde", diz em nota o Governador João Doria.
O sequenciamento foi feito por meio de um dispositivo portátil. "Desde a década de 70 se faz sequenciamento genômico e a ideia era fazer sequenciamento em campo e trabalhar em tempo real. Esse sequenciador é menor que um celular e conectado a um computador por meio de um cabo USB. Consegue fazer um sequenciamento da célula de fluxo, como se fosse um chip onde estão os nanoporos. Dentro dele, colocamos as sequencias da amostra que vai ser lida ao passar pelos poros", explica Jaqueline Goes de Jesus, do Instituto de Medicina Tropical.
Análises preliminares indicam que o genoma identificado no Brasil tem diferenças em relação de Wuhan, epicentro da epidemia e que duas mutações se aproximam à cepa da Alemanha, diagnosticada em transmissão de Munique, região da Bavária.
"Grupos internacionais têm demorado em média 15 dias para gerar e submeter as suas sequências relativas a casos de COVID-19, o que destaca a relevância científica da pesquisa brasileira e o pioneirismo do Estado de São Paulo. Essa conquista certamente contribuirá para aprimorarmos as políticas públicas de vigilância e prevenção da doença", afirma o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.