SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A atribuição de aulas dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo continua marcada por tumultos, erros e reclamação dos docentes.
O processo começou para os efetivos (concursados) no dia 20 e, na sequência, contemplou os candidatos das categoria F e O.
Na quinta-feira (23), os docentes com contrato temporário da categoria O se queixaram de erros na contagem de pontos, quedas no sistema e dificuldade para conseguir aulas em escolas próximas.
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP) chegou a pedir a suspensão da atribuição para a categoria, mas a Secretaria de Educação concedeu a postergação até a última segunda-feira (27).
"Fiquei das 9h de ontem até 1h de hoje. Pior atribuição e pior dor de cabeça, mas consegui minhas 19 aulas", relatou uma professora no Twitter, nesta terça (28).
"Não inventaram ainda nada mais exaustivo e humilhante do que atribuição de aulas do estado de SP", diz outro docente.
Professores de outras categorias também continuam a se queixar da falta de organização e dos erros da pontuação na classificação.
O processo de atribuição de aulas, agora, está em outra fase, que são as aulas que sobraram. Têm prioridade os efetivos que querem aumentar a jornada, depois os estáveis, depois aqueles CLT, depois os da categoria F (que se tornaram estáveis quando foi criada a São Paulo Previdência, em 2007), depois a categoria O com contratos, depois os candidatos a contratação, diz a Apeoesp.
"Acompanho o processo de atribuição de aulas há quase 30 anos e nunca vimos uma situação como essa. Chegamos ao ápice com a atribuição da categoria O. Hoje é a terceira tentativa para que a atribuição aconteça sem erros. A categoria O já é a mais precarizada e mesmo assim é desrespeitada no seu momento de garantir o emprego", diz Pedro Paulo, dirigente da Apeoesp.
Recursos O deputado Carlos Giannazi (PSOL) afirma que o maior problema foi a demora na divulgação da classificação de docentes, o que inviabilizou que os prejudicados entrassem com recurso em tempo hábil.
"As diretorias de ensino estão um caos. A Secretaria desorganizou o processo com erros de pontuação, o que comprometeu a classificação dos docentes. Demoraram para organizar e soltar a classificação e não informaram corretamente as diretorias, que ficaram reféns".
Tanto a Apeoesp quanto o CPP (Centro do Professorado Paulista) orientam os docentes com problemas a entrar em contato com o jurídico das entidades, que disponibilizam modelos de recursos a serem protocolados.
Os endereços são https://www.cpp.org.br/ e http://www.apeoesp.org.br.
Segundo o CPP, o prazo para recurso é de dois dias úteis a partir da ocorrência, o que não impede que o professor protocole depois do prazo. A entidade diz que a Seduc não pode se recusar a protocolar um documento que aponte erro. O prazo de resposta é também de dois dias mas, em geral, a resposta é imediata.
O período inicialmente dado pela Secretaria de Educação para a atribuição para os professores da categoria O se encerrava na sexta (24). O prazo foi postergado para segunda (27).
"Quando se faz a atribuição, publica-se a classificação e são dados dois dias de prazo para recurso. Acontece que houve professor que sequer constava na classificação", explica Silvio dos Santos Martins, vice-presidente do CPP.
"Toda classificação é contestável. A pessoa vê, se não concorda e entra com recurso. Mas foi feito de qualquer jeito, tentando solucionar conforme os problemas fossem acontecendo."
Planejamento escolar O planejamento escolar dos docentes que, segundo o cronograma, teve início na última segunda (27) e deve durar até sexta (31), também tem sido afetado pelos atrasos.
"Muitos professores estão perdendo o planejamento. Perderam segunda e terça, e só irão na quarta. É um momento estratégico de construção do planejamento estratégico da escola que está sendo perdido. E quem são os mais prejudicados são os alunos", diz Giannazi.