CAMPO GRANDE, MS E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Criticado recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos (SP), tem produção científica crescente e de impacto acima da média nacional --metade dela produzida com parceiros internacionais importantes, como a Nasa (agência espacial americana).
O instituto publica, em média, um resultado científico por dia em áreas como astrofísica, engenharia espacial e sensoriamento remoto, o que inclui trabalhos sobre desmatamentos na Amazônia, alvo das críticas de Bolsonaro.
Mais do que isso, os estudos do instituto servem como referência para novos trabalhos científicos brasileiros e estrangeiros. A cada dez novas menções a pesquisas publicadas por cientistas do Inpe, quatro aparecem em trabalhos de pesquisadores de fora do Brasil.
Os renomados CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, na sigla em francês), Max Planck (da Alemanha) e, novamente, a Nasa estão entre as instituições que mais citam o instituto.
Isso faz com que, em média, cada trabalho do Inpe seja mencionado 5,9 vezes em trabalhos científicos subsequentes. O número está bem acima da média de impacto dos trabalhos acadêmicos feitos no Brasil: 0,9, de acordo com o relatório de impacto do Nature Index de 2019.
Citações são consideradas indicativo de qualidade dos trabalhos científicos. Entende-se que estudos muito mencionados em novas pesquisas são uma referência para sua área do conhecimento.
Os dados tabulados pela Folha mostram ainda que a ciência produzida pelo Inpe cresceu 24% nos cinco anos analisados (de 2013 a 2017). Foram mais de dois mil estudos novos nesse período.
Apesar disso, a quantidade de recursos repassados ao Inpe pela agência federal CNPq, por meio de bolsas de pesquisa a pós-graduandos, caiu 47% nos mesmos anos. Foram R$21 milhões em bolsas em 2013, valor que caiu para R$11,2 milhões em 2017.
Os dados de produção científica e de impacto dos estudos do Inpe foram levantados na base de periódicos Web of Science seguindo a mesma metodologia do RUF (Ranking Universitário Folha). Foram considerados os estudos científicos publicados em cinco anos (2013-2017) e as menções a esses estudos feitas em 2018. Já os recursos para pesquisa foram levantados no CNPq.