Entregue em setembro de 2016 e, desde então, com as portas fechadas, o prédio do Hospital Regional de Santa Maria será inaugurado, na sexta-feira (6), com a presença do governador José Ivo Sartori (MDB). Uma solenidade está prevista para amanhã, a partir das 9h30min, para celebrar a entrega da estrutura de 20 mil metros quadrados, que foi projetada para disponibilizar até 270 leitos pelo SUS.
A passagem de Sartori por Santa Maria se dará a um dia do fim do prazo – que passa a valer no sábado (7), quando faltarão três meses para as eleições de outubro – que permite que agentes públicos participem de inaugurações de obras. Porém, os atendimentos à população somente se iniciarão na próxima segunda (9).
Concluído há quase dois anos, o prédio teve a obra iniciada em 2010 e, entre várias idas e vindas, foi entregue seis anos depois com custo de R$ 70 milhões, em valores atualizados. Projetado para ter três ambulatórios, os serviços começarão com apenas um. Conforme Roberto Schorn, titular da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS), o início será de forma gradativa:
— Será um ambulatório para doenças crônicas. Por isso, vamos começar pequenininhos, é tudo bem inicial. Não dá para achar que vai ter tudo lá.
Neste primeiro ambulatório, serão oferecidos os serviços de atendimento a pacientes de alto risco, segundo Schorn. Ou seja, para diabéticos e doentes crônicos. Além disso, o Regional apenas receberá pacientes com encaminhamento por meio das unidades de saúde dos municípios da 4ª CRS, que cobre 32 municípios com população total de 564,6 mil pessoas.
Schorn enfatiza que, nesta largada inicial, não serão disponibilizados leitos – mesmo que haja uma projeção de serem ofertados até 270. Conforme ele, a ocupação dessas vagas deve se dar à medida que toda estrutura estiver 100% em funcionamento. Enquanto isso, aqueles pacientes que necessitarem de internação serão encaminhados para dois hospitais da cidade: o Casa de Saúde e o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
Procurada por GaúchaZH, a diretora da Casa de Saúde, a irmã Ubaldina Souza e Silva, afirma que "não foi combinado nada com o Estado" e que, no atual momento, "não haveria margem para atender mais essa demanda". A Casa de Saúde conta com 112 leitos.
Já a diretora do Husm, Elaine Resener, avalia que a situação preocupa. O Universitário conta com 403 leitos que "estão sempre ocupados", segundo Elaine:
— Isso é algo que, infelizmente, agrava ainda mais a nossa situação. O que realmente precisamos é que o Regional seja, de fato, um hospital. De nada adianta ser um postão ou um ambulatório, e a população será novamente penalizada. O Husm, mais uma vez, vai abraçar uma demanda. Mas esperamos que, em breve, o Regional esteja 100% em funcionamento.
A expectativa é que, neste primeiro ano de operação, sejam atendidos até 5 mil pacientes.
Ambulatórios e estrutura
A estrutura para o primeiro ambulatório prevê que, na segunda-feira, já se tenham, pelo menos, 50 funcionários trabalhando. Os profissionais – entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, assistente social – foram contratados, recentemente, pelo Instituto de Cardiologia, que ficará responsável pela gestão do hospital. O primeiro ambulatório ainda ofertará os exames laboratoriais, de apoio de diagnóstico, ultrassonografia, raio x, eletrocardiograma e ecocardiograma.
Depois de aberto o primeiro ambulatório, a segunda unidade deve estar com as operações iniciadas entre 60 e 90 dias. Nesta unidade, os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) contarão com os serviços médico e fisioterápicos para quem precisa de reabilitação para tratamento de sequelas. Por fim, o terceiro ambulatório, que deve estar em funcionamento no prazo de até um ano, será referência em cuidados prolongados – para recuperação clínica e funcional de pacientes afetados por sequelas ou traumas.
Após executado este cronograma de um ano, que segue até julho de 2019, o Estado projeta que será possível viabilizar as primeiras internações mais complexas.
Valores
No mês passado, a Secretaria Estadual de Saúde repassou, em três parcelas, R$ 17,3 milhões ao Instituto de Cardiologia. A primeira delas, no valor de R$ 5,7 milhões, foi liberada em junho. A segunda, de R$ 5 milhões, será em outubro. Já a terceira e última ficará para fevereiro de 2019, no montante de R$ 6,5 milhões.
Uma vez em funcionamento toda a parte ambulatorial, o custo por mês do hospital deve girar entre R$ 8 milhões a R$ 10 milhões. Segundo a SES, os governos federal e estadual irão arcar com os valores de manutenção. Caberá ao Estado, por exemplo, pagar por serviços básicos e operacionais. Já a União ficará responsável pelos repasses das demandas de média e alta complexidade.