Diante de mais um feriadão, dados sobre mortos e mutilados no trânsito preocupam. Depois de quatro anos em queda gradativa, o número de indenizações a famílias de mortos em acidentes de trânsito no primeiro semestre voltou a subir.
Informações divulgadas pela Seguradora Líder, responsável pela operação do seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat), mostram que foram protocolados 4.175 pedidos a mais nos primeiros seis meses de 2017 do que no mesmo período do ano passado no país, o que representa aumento de 27,5%.
O Rio Grande do Sul repetiu o cenário nacional de reversão na queda da mortalidade no trânsito, apresentando aumento de 23,7% nas indenizações por morte e totalizando 877 pedidos neste semestre. A média foi de quase cinco registros por dia.
Por outro lado, os casos de pagamento por invalidez caíram 19%, puxando para baixo o total de indenização pagas no Estado.
Embora especialistas façam ressalvas aos dados do Dpvat, principalmente porque os pedidos de indenizações podem ter sido feitos tempo depois dos acidentes (o prazo é de três anos da data do acidente), ou atrasadas por processos burocráticos ou judiciais, além de fraudes no sistema, dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), considerados confiáveis pela sua metodologia e integração entre os órgãos, corroboram para o alerta.
Houve aumento tanto no número de acidentes fatais quanto de mortos do ano passado para cá no trânsito gaúcho.
— Essas informações sinalizam uma quebra de tendência que vinha sendo registrada em todos os Estados. Temos de esperar o ano terminar, pois ainda pode-se reverter, mas é um alerta — pontua o sociólogo e especialista em segurança do trânsito Eduardo Biavati.
O consultor, que já trabalhou em órgãos gaúchos e atualmente faz parte de um programa da Cruz Vermelha para segurança viária, aponta que o Rio Grande do Sul tem ao menos dois fatores que podem contribuir para a mortalidade no trânsito: falta de investimentos em estradas _ sendo que 60% dos acidentes fatais neste ano ocorreram em rodovias conforme o Detran-RS _ e falhas na fiscalização por radares.
— O Estado tem velhas rodovias, não duplicadas, sem acostamento, ou seja, infraestrutura muito precária para o uso que vem sendo feito dela. As estradas pouco mudaram em 30 anos, mas os caminhões são maiores e mais pesados e o número de motos se multiplicou — ressalta Biavati.
Pior do que não ter acostamento, acrescenta o sociólogo, é a falta de radar, lembrando da polêmica fraude nas licitações descoberta em 2011 e que retirou os pardais das rodovias estaduais por anos, além da crise financeira. Atualmente, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer-RS) garante que todos os pardais licitados (79) estão em operação em 13 estradas.
— A consciência humana é muito frágil. Sem fiscalização, é muito difícil de os motoristas se manterem no limite da velocidade — aponta Biavati.
Saiba mais sobre o Dpvat
- O Seguro Dpvat indeniza todas as vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, sem necessidade de apuração da culpa, seja motorista, passageiro ou pedestre.
- Há cobertura para três naturezas de danos: morte (R$ 13,5 mil), invalidez permanente (até R$ 13,5 mil) e reembolso de despesas médicas e hospitalares (até R$ 2,7 mil).
- Não é preciso contratar terceiros para dar entrada no pedido de indenização. É um procedimento gratuito que pode ser feito e acompanhado pelo site: www.seguradoralider.com.br
- Existem ainda mais de 8 mil pontos oficiais de atendimento em todos os municípios brasileiros (corretores parceiros, seguradoras, Correios, Procons), que oferecem atendimento gratuito.
Operação Viagem Segura
- Polícia Rodoviária Federal, Detran-RS, Polícia Civil, Brigada Militar e Comando Rodoviário da BM estarão mobilizados para que o feriado de Nossa Senhora Aparecida seja tranquilo no trânsito.
- A 79ª edição da Viagem Segura se estenderá por cinco dias, da zero hora da quarta-feira (11) até a meia-noite de domingo (15).
- A análise dos acidentes fatais decorrentes dos feriadões de Nossa Senhora Aparecida (2007-2016) aponta que a média de mortes foi de 6,7 por dia — isso representa que a cada três horas e 35 minutos uma pessoa perde a vida no trânsito do RS nessa época.