O Tribunal do Júri se reunirá novamente nesta segunda-feira, em Caxias do Sul, para julgar Robes Dolinski, 26 anos, acusado de assassinar Rosangela Consoli dos Santos Alves, 45, e Vanessa Gobetti Jiordani, 21, e de jogar os corpos das vítimas na barragem da Maestra, em 2014. O réu está recolhido no Presídio Central de Porto Alegre desde que fugiu da antiga Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics), em setembro do ano passado. Os sete jurados deverão decidir a partir de hoje se Dolinski é culpado ou inocente pelos crimes de homicídio qualificado (mediante dissimulação e meio cruel) e ocultação de cadáver.
As mortes ocorreram nos dias 26 e 28 de julho de 2014, com características similares. Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), Rosangela foi abordada por Dolinski na casa de baile Fogo de Chão, na madrugada do dia 26. Por volta das 2h10min, câmeras de segurança do estabelecimento flagraram os dois deixando o local. Ambos teriam seguido, no carro do acusado, até a barragem Maestra, onde ocorreu o crime. Rosangela foi morta com disparo de arma de fogo no pescoço, e foi golpeada na cabeça. O corpo da vítima, que foi jogado na barragem, só foi localizado no dia 16 de agosto.
Dois dias depois, em 28 de julho, Dolinski encontrou Vanessa Gobetti Jiordani, 21, na boate Bocca d'Oro. Conforme a denúncia, o réu também saiu com a vítima de carro e a matou na barragem Maestra. Vanessa foi morta por asfixia mecânica e foi jogada na represa. O corpo, encontrado no dia 9 de agosto, estava amarrado a uma pedra de cerca de 10 quilos.
Na sentença de pronúncia (decisão que submete o réu a julgamento perante o Tribunal do Júri), o juiz Daniel de Souza Fleury destaca ainda o fato de ter sido encontrado "sangue humano com perfil genético igual ao de Vanessa" no carro do acusado.
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Após a divulgação das imagens de Dolinski saindo da casa de bailes com Rosangela, o réu viajou para a cidade de Francisco Beltrão, no Paraná, onde foi preso no dia 27 de agosto de 2014.
A defesa do homem promete explorar "pontos cegos" no conjunto de provas.
— A gente enxerga que a investigação foi direcionada o tempo todo e ficaram diversas questões em aberto. Como, por exemplo, os inimigos que uma das vítimas tinha e sobre o comportamento da outra. São questões que a gente vai explorar — afirma o advogado Leonel Ferreira, que atua na defesa com o colega Vitor Hugo Gomes.
O julgamento de Dolinski está marcado para as 9h30min de hoje.
Rosângela era separada e tinha cinco filhos. A mais nova (com sete anos, na época do crime) morava com ela na Rua das Torres, no bairro Belo Horizonte. Vanessa era natural de Vacaria, mas foi morar em Bagé quando tinha menos de um ano. Na época do assassinato, vivia em Caxias do Sul há apenas três meses, cidade para onde havia se mudado em busca de trabalho.
Detenções
Robes Dolinski chegou a ser internado no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre, após tentar suicídio na antiga Pics, em 2014. De volta ao presídio caxiense, ele conseguiu fugir em setembro de 2016. Na fuga, o acusado abordou uma taxista e faz com que ela o levasse até a ERS-122. Ele foi capturado por polícias do Grupo Rodoviário de Farroupilha e desde então está recolhido no Presídio Central, na Capital.