Uma sindicância aberta pelo governo para investigar a concessão de aposentadoria para a ex-presidente Dilma Rousseff, em setembro do ano passado, concluiu que a petista foi favorecida pela conduta irregular do ex-ministro da Previdência Carlos Gabas e de uma servidora do órgão. Segundo reportagem da revista Veja, que teve acesso ao documento, a abertura e a conclusão do processo que garantiu o benefício a Dilma ocorreu em alguns minutos durante encontro entre Gabas e o chefe de uma agência da Previdência, em Brasília, em 1º de setembro de 2016, um dia após a ex-chefe do Executivo ser afastada do cargo em definitivo.
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Conforme a Veja, Gabas atuou para garantir que Dilma furasse a fila dos que esperam pela liberação do benefício com a ajuda da servidora Fernanda Doerl, que manipulou o sistema do INSS para regularizar o cadastro da ex-presidente. O ex-ministro teria utilizado sua influência na instituição para acelerar o processo que beneficiou Dilma. Segundo a sindicância, Fernanda aceitou informações não confirmadas para calcular o tempo de contribuição de Dilma.
Conforme a investigação do governo, a funcionária não deveria dar prosseguimento ao processo sem a apresentação dos documentos que confirmassem o tempo de serviço da ex-presidente. Conforme a reportagem, dados do INSS apontam que os brasileiros que estão com toda documentação apta no processo esperam pelo menos 90 dias para obter o benefício.
Em depoimento na sindicância, Gabas negou favorecimento a Dilma Rousseff no processo, alegando que o tratamento diferenciado de pessoas públicas "era comum e tinha o objetivo de assegurar a integridade física e moral dos demais segurados". Fernanda Daerl disse que agiu de acordo com a lei e com base nas normas do INSS durante a concessão do benefício.
Em outubro do ano passado, Dilma afirmou, por meio de nota divulgada por sua assessoria, que "não houve qualquer tipo de concessão ou tratamento privilegiado" durante o processo. Segundo a equipe da petista, alterações feitas no cadastro tiveram como objetivo comprovar os vínculos empregatícios da ex-presidente nos últimos 40 anos. Na versão da assessoria, a ex-presidente decidiu se aposentar e recorreu, por meio de procuração a uma pessoa de confiança, a uma agência do INSS. Gabas teria a acompanhado.
Em nota à imprensa, a assessoria de Dilma afirmou que "depois de 36 anos, 10 meses e 21 dias de serviços prestados – comprovados documentalmente – aos 68 anos de idade, Dilma Rousseff se aposentou com vencimentos pouco acima de R$ 5 mil – o teto do INSS. Ela nada recebe como ex-presidenta da República ou anistiada política. O benefício segue os rigores da lei".