O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato na Corte, devolveu nesta quarta-feira (30) a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro para a Procuradoria-Geral da República (PGR). Fachin pediu que ajustes sejam feitos na colaboração. O acordo foi encaminhado ao STF na terça-feira (29).
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Como o acordo está em segredo de Justiça, os detalhes da decisão não foram divulgados. Funaro é processado pela Justiça Federal em Brasília em três investigações da Polícia Federal (PF) – Greenfield, Sépsis e a Cui Bono – que envolvem suspeitas de desvios de recursos públicos e fraudes na administração de quatro dos maiores fundos de pensão de empresas públicas do país: Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). O empresário também foi citado nas delações da JBS.
Antes de decidir se homologa ou não a delação do operador financeiro, Fachin pretende ouvir Funaro para garantir que o colaborador assinou o acordo de maneira espontânea. O conteúdo da colaboração é mantido em sigilo.
A delação de Funaro deve detalhar sua atuação como operador financeiro do PMDB da Câmara dos Deputados. O grupo político é liderado pelo presidente Michel Temer e tem como principais integrantes os atuais e ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves. Funaro prometeu explicar aos investigadores como os políticos atuavam em órgãos públicos em troca de vantagem indevida.
Acusações de Funaro contra Temer poderão ser utilizadas na segunda denúncia contra o presidente – esperada para os próximos dias. Na noite do dia 7 de março deste ano, Michel Temer recebeu Joesley Batista, um dos donos da JBS, para uma reunião noturna e fora da agenda oficial, no Palácio do Jaburu. O executivo gravou a conversa e apresentou o arquivo para garantir acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Um dos principais trechos do áudio usado contra Temer mostra o presidente supostamente dando aval para a compra de silêncio de Eduardo Cunha, preso em Curitiba no âmbito da operação Lava-Jato. Temer também ouviu de Joesley que Funaro estaria sendo pago para não delatar. A expectativa é de que o acordo de delação de Funaro confirme os pontos levantados por Joesley, indicando obstrução de Justiça por parte de Temer.
*Zero Hora com informações da Agência Brasil