Preso na manhã desta quinta-feira (27) na 42ª fase da Operação Lava-Jato, Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras, é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. O executivo teve papel de destaque durante parte dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Durante a presidência do BB, Bendine se envolveu em ao menos três polêmicas. Em 2015, assumiu a presidência da Petrobras em meio ao avanço da Lava-Jato. No período que presidiu os órgãos do governo federal, teria solicitado pagamento de propinas.
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Prisão
Bendine foi o principal alvo da Operação Cobra, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira. Os investigadores apontam que Bendine e pessoas ligadas a ele teriam solicitado vantagem indevida para que a Odebrecht não fosse prejudicada em futuras contratações da Petrobras. Em troca, a empreiteira teria efetuado o pagamento em dinheiro de ao menos R$ 3 milhões.
Onde está preso
Após ser preso, em Sorocaba (SP), o executivo foi encaminhado Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. A prisão de Bendine é temporária e tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco dias ou convertida em preventiva.
Papel de destaque em governos petistas
Bendine teve papel de destaque durante os governos petistas, ocupando a presidência do BB, onde era funcionário de carreira, entre abril de 2009 e fevereiro de 2015, ano em que foi nomeado como chefe da Petrobras, substituindo Graça Foster – que renunciou ao cargo em meio ao avanço da Lava-Jato. O executivo ficou no posto até maio de 2016 após Dilma Rousseff (PT) ser afastada do governo.
Natural de Paraguaçu Paulista, o executivo entrou no BB aos 15 anos, como estagiário. Após ser efetivado como concursado, ele fez carreira em diversos setores até conquistar a presidência.
Indícios contra Bendine
A PF informou, por meio de nota, que há evidências indicando que um dos primeiros pedidos de propina feitos por Bendine ocorreu quando ele ainda estava à frente do BB, no valor de R$ 17 milhões. O objetivo era viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. À época, a Odebrecht não pagou o valor por acreditar que o presidente do banco não teria poder de influência. Também há indícios, de acordo com a PF, de que Bendine, já presidente da Petrobras e um de seus operadores financeiros teriam solicitado propina a Odebrecht e Reis para que a empresa não fosse prejudicada na Petrobras devido a consequências da Lava-Jato.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Bendine pediu propina ao empreiteiro Marcelo Odebrecht "na véspera de assumir a presidência" da Petrobras. Na ocasião, ele teria recebido R$ 3 milhões.
Relação com operador
O MPF afirmou que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras e seu suposto operador, André Gustavo Vieira da Silva – que também foi preso nesta quinta-feira (27) –, utilizavam o aplicativo Wickr e, após as conversas que travavam, destruíam as mensagens a cada 30 minutos. Segundo a força-tarefa da Operação, em alguns casos, as mensagens eram destruídas "a cada quatro minutos para evitar a utilização como prova de ilícitos praticados".
Passagem só de ida para Portugal
O MPF informou que Bendine tinha passagem comprada só de ida para viajar nesta sexta-feira (28) a Portugal. Os investigadores fizeram a descoberta ao quebrar o sigilo telefônico do suspeito. O executivo tem cidadania italiana. Segundo a força-tarefa, Bendine "poderia ir para Lisboa e depois se refugiar na Itália". O advogado de Bendine afirmou que a passagem de volta do executivo já estava comprada, e que irá anexar o comprovante ao inquérito.
Polêmicas durante gestão no BB
O alvo da Lava-Jato esteve envolvido em ao menos três polêmicas enquanto ocupou a presidência do BB. No cargo máximo da instituição, ele teria facilitado financiamento para uma amiga pessoal, a socialite e empresária Val Marchiori, e ordenado que o motorista fizesse pagamentos em dinheiro vivo, além de ser obrigado a pagar multa à Receita Federal.
Bendine teria facilitado a liberação de financiamento à Torke Empreendimentos, empresa pertencente a Val, para a compra de caminhões. Parte dos recursos do empréstimo, no entanto, foi utilizada para comprar um Porsche Cayenne S avaliado em R$ 400 mil.
Em outro episódio, o ex-motorista do executivo, Sebastião Ferreira da Silva, afirmou ao MPF que transportava dinheiro a mando do chefe. O ex-presidente do BB também foi alvo de polêmica ao ter que pagar multa de R$ 122 mil à Receita Federal, em agosto de 2014. O executivo foi autuado por não ter comprovado a origem de cerca de R$ 280 mil na declaração de Imposto de Renda.
*Zero Hora com informações de agências