Nesta segunda-feira (17) a greve dos médicos servidores da prefeitura de Caxias do Sul completa três meses. No período, cerca de 20 mil consultas foram canceladas. O impasse entre a administração municipal e médicos começou no início do ano, quando o município exigiu que todos os profissionais passassem a cumprir a carga horária e não mais atendessem por cotas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no Centro de Especialidades. A medida começou a valer a partir de 1º de março. Depois, o impasse passou a ser pelos salários.
O município ofereceu uma bonificação aos médicos baseada na quantidade de atendimentos e em uma avaliação de atendimento feita pelos pacientes após as consultas. A categoria foi contra.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta segunda-feira (17), o representante da comissão do médicos grevistas de Caxias, André Pormann, afirmou que 30% dos médicos servidores do município estão paralisados. Segundo ele, o impasse refere-se ao piso salarial, já que a categoria defende o pagamento do piso nacional, que é de R$ 13,8 mil.
— O piso é o nosso sonho de consumo, mas é algo negociável. Entendemos as restrições financeira pelas quais todos os municípios estão passando. O diálogo não existe porque o prefeito não reconhece a greve — afirma Pormann.
Atualmente, médicos servidores com contrato de 20 horas semanais têm como salário base R$ 3,5 mil, mais a parcela autônoma de cerca de R$ 2 mil. Porém, o valor da parcela não está incorporado ao salário base; dessa forma, não há encargos sobre esse valor.
Com relação ao registro do ponto, Pormann garante que não há nada contra o registro.
— Nossa briga em relação ao ponto não é o registro, mas o comprovante. O que se usa hoje no município (equipamento)não te dá o comprovante do registro — explica o servidor.
Também em entrevista ao Atualidade, o prefeito de Caxias, Daniel Guerra, disse que há cerca de 10% dos servidores médicos paralisados. O prefeito, porém, não reconhece que há greve porque, segundo ele, não houve qualquer comunicação por parte do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv), que, conforme o prefeito, representa todos os servidores municipais.
— Para se ter qualquer greve legal ou legítima, precisa ser representada pela categoria que tem legitimidade. Caxias é representada pelo Sindiserv o qual, em momento algum, manifestou estado de greve. O que há é uma paralisação covarde, vergonhosa porque os médicos não estão cumprindo o que está no edital. São irresponsáveis que não estão atendendo a população — afirmou o prefeito.
Sobre o equipamento de registro do ponto, o prefeito disse que o servidor que quiser o comprovante físico pode solicitar no setor de recursos humanos de cada secretaria.
Os médicos que aderem à paralisação têm os pontos descontados. O prefeito afirma que serão abertos processos administrativos disciplinares para apurar as faltas que, segundo a prefeitura, não estão sendo justificadas. Na entrevista, no entanto, quando questionado, o prefeito não disse quantos processos serão abertos.
Daniel Guerra também afirmou que estão sendo encaminhados mutirões para consultas represadas e exames, a exemplo do que foi feito em junho, com o mutirão de atendimento odontológico.