O interesse da Braskem em apoiar as campanhas eleitorais do ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge (PT-RS), tanto por meios legais como por caixa 2, teria ocorrido pela "parceria" do político na viabilização de obras da empreiteira no Rio Grande do Sul. Em delação premiada, o dirigente da empreiteira, Alexandrino de Alencar, contou que conheceu o petista em 2004, quando ambos foram apresentados por Tarso Genro, então ministro da Educação, durante um evento em São Paulo.
– (...) Tarso me indicou o Jairo Jorge, que era um dos secretários do Ministério da Educação, dizendo que ele era um quadro de crescimento, e que eu observasse a carreira dele. Então comecei a acompanhá-lo em suas atividades e vi que ele começou realmente a se projetar no campo político do PT no Rio Grande do Sul. Ele então se candidatou em 2008 para prefeito de Canoas – contou.
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De acordo com o delator, foi na primeira campanha à prefeitura da cidade que o repasse de caixa 2 foi feito. Alexandrino de Alencar relatou pagamento de "vantagens indevidas, não contabilizadas e a pretexto de doação oficial":
– Que eu me recorde, na (campanha eleitoral) de 2008 doamos R$ 50 mil. Na de 2012, se não me falha a memória, foram R$ 400 mil reais, mas em doações legais. É acima do padrão de prefeitura, mas era uma reeleição, ele era uma liderança política e sempre nos apoiou em trabalhos na região.
Ainda segundo o delator, o ex-prefeito de Canoas "teve um trabalho muito importante" na viabilização de uma parceria público-privada para a RS-010, que acabou não se concretizando.
– Ele batalhou, mas as condições do Estado não permitiram essa parceria. (...) O grande obstáculo era questão ligada ao valor das desapropriações, que o Estado não tinha como pagar – afirmou o dirigente da empreiteira, que destacou ainda que o codinome dado ao político era "Nordeste", mas não soube explicar o motivo do apelido.
Jairo Jorge, cujo segundo mandato terminou em 2016, está na lista de 201 petições que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, remeteu para outras instâncias da Justiça (Superior Tribunal de Justiça e Justiça Federal de primeira instância), por envolver pessoas sem foro privilegiado.
O que diz Jairo Jorge
À Rádio Gaúcha, o político disse: "Nós nunca tivemos nenhum processo de caixa 2. Todas as nossas prestações de conta foram aprovadas. Vejo com muita tranquilidade essa situação. Vou responder todas as questões, prestar esclarecimentos. Acredito na Justiça. Acho muito estranho eles relatarem o apoio financeiro para uma obra que nem saiu do papel".