O desaparecimento do Stellar Daisy, navio pertencente a uma empresa sul-coreana, completa seis dias envolto em mistério. A embarcação sumiu na sexta-feira, 31 de março, quando navegava cerca de 3,7 mil quilômetros da leste de Montevidéu. É um cargueiro gigante, com 322 metros de comprimento (equivalente a mais de três quarteirões) e estava carregado com minério de ferro pertencente à empresa brasileira Vale. Ele saiu do Rio de Janeiro em direção à China e enviou mensagem de SOS numa região situada a meio caminho entre o Uruguai e a África.
O Stellar Daisy levava 24 tripulantes. Navios e aviões do Brasil se somaram a barcos das marinhas argentina e uruguaia na tentativa de localizar sobreviventes. As buscas resultaram na localização de dois marinheiros, filipinos, que estavam num bote salva-vidas, à deriva. Eles relataram que o navio fez um "ruído tremendo" e se partiu em três, mal dando tempo à tripulação para sair.
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Como o clima estava ameno e não havia tempestade, não se sabe a causa do provável naufrágio. Mas especialistas em navegação já começam a levantar hipóteses. A revista australiana The Australian Journal of Mining (Jornal Australiano de Mineração) relata pelo menos três naufrágios ocorridos entre 2010 e 2011 com navios de grande porte, carregados com ferro ou níquel. Juntos, esses desastres levaram à morte de 40 marinheiros.
Os três naufrágios aconteceram entre a Indonésia e a Índia e, na análise dos acidentes, especialistas concluíram que foram causados por liquefação de parte da carga de minério. Muitas vezes esse estado de liquefação acontece durante a navegação, afetado por clima e despertando propriedades magnéticas. Ele permite que parte da carga se desloque para um só lado do navio e fique ali grudada, provocando seu emborcamento e consequente afundamento. Outra hipótese é que a conversão de navio-tanque para navio de transporte mineral (como ocorreu com o Stellar Daisy) tenha dado mau resultado, gerando excesso de lastro (peso) nos porões do barco.