Pode não parecer, mas a Serra Gaúcha também permite o cultivo de frutas tropicais. É o caso, por exemplo, do mamão, do maracujá e da banana. As condições que permitem o cultivo são encontradas nas partes mais baixas dos vales, junto aos rios, conforme explica a agrônoma da Emater de Veranópolis, Marília Caleffi Paiva, que tem especialização nesse tipo de fruta. Nessas áreas, a temperatura é maior e não ocorrem geadas. As informações são da Gaúcha Serra.
Com relação à banana, são 23 hectares plantados na região conforme o último Censo Frutícula, de 2014. A maior parte está no Vale do Rio das Antas. Por ano, a produção chega a 252 toneladas.
Em Bento Gonçalves, três proprietários vinculados à Associação de Produtores Ecológicos do município cultivam a fruta sem agrotóxicos, que são vendidas no próprio município. As bananeiras são aproveitadas em parte das propriedades. Uma delas é a da cachaçaria Bucco, em que o carro-chefe é a cana-de-açúcar, mas que possui 0,5 hectar com produção de bananas, conforme o proprietário, Moacir Menegotto. Outra propriedade com cultivo de bananas é a de Jorge Salton, que produz uvas orgânicas.
Em Veranópolis, três agricultores passaram a cultivar a banana a partir de uma parceria entre a Emater, a Fepagro e o Município. Em 2003, uma variedade de banana prata resistente a doenças foi trazida de Santa Catarina.
A banana é cultivada sem agrotóxicos e pode ser encontrada em mercados de Veranópolis. Conforme a agrônoma Marília Caleffi Paiva, não se pode afirmar que a produção é orgânica porque o plantio é consorciado com outras frutas, como a bergamota, que recebem o tratamento com agrotóxicos.
Ela explica que o fundamental é o manejo. Cada pé de bananeira, ou família, produz um cacho por ano. Com o manejo correto, é possível ter uma produção semanal de cachos ao longo de todo o ano. Com o frio, uma redução pode ocorrer nos meses de junho, julho e agosto.
O agricultor Sérgio Galvez, que tem a sua propriedade em Linha Tiradentes, na Comunidade de São José da 9ª, começou com 50 pés e hoje tem mais de cinco hectares plantados em conjunto com bergamoteiras. Ele colhe duas vezes por semana e o faturamento pode chegar a R$ 700,00 por semana.
A bananeira representa, para ele e seu irmão, uma renda garantida.
– Eu acho que hoje a banana rende mais que a bergamota, porque a bergamota tu tiras uma vez por ano, só. E a banana, por exemplo, tu vais colher toda a semana. No inverno, eu não parei de vender. A geada não atingiu nada aqui. Então eu vendi direto, o ano inteiro – conta Galvez.
Outro aspecto fundamental, conforme Marília, é o momento da colheita. A banana segue amadurecendo depois de colhida. Se for tirada muito antes, ela não desenvolve sabor atrativo à medida que fica madura. O diferencial do plantio local está justamente na qualidade da banana, que chega ao consumidor mais fresca e saborosa.