Os planos de saúde estão se readaptando à nova realidade do mercado diante da atual crise econômica. O impacto do fechamento de quase 25 mil vagas de trabalho em Caxias do Sul, desde 2013, também atinge as operadoras do serviço de saúde. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam que, nos últimos dois anos, 22.234 pessoas tiveram seus contratos cancelados no município. O número total (empresariais e individuais) chega a 26.218. Só no ano passado, 7.235 segurados foram desligados dos planos de saúde empresariais.
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Para o diretor executivo do Simecs, Odacir Conte, a principal causa da redução nos planos coletivos são as demissões do setor metalmecânico. Ele lembra que, mesmo após a demissão, os trabalhadores têm a opção de continuar com o plano da empresa desde que suportem o custo.
– Em alguns casos, o custo de um plano individual chega a aumentar duas vezes em comparação com o plano coletivo – diz.
O assunto é tratado com discrição no meio empresarial. Por isso não há números oficiais de empresas que estão retirando ou negociando novos contratos para reduzir o benefício. Segundo Conte, vários empresários estão migrando para outros planos, com custo menor.
– As empresas não estão aceitando reajustes.
Na semana passada, a Guerra SA cancelou o plano de seus funcionários. A empresa estuda a contratação de um novo plano, com valores menores. A assinatura do novo contrato está prevista para esta semana.
Na Perfilline, o corte das despesas foi ainda mais radical. Para o sócio-proprietário Getulio Fonseca, em abril do ano passado, a proposta de reajuste de 37% apresentada pela operadora acelerou a necessidade de cortar o benefício como alternativa para manter os empregos. Fonseca diz que a decisão teve o aval dos funcionários. O empresário subsidiava 60% do benefício e o valor chegava a R$ 15 mil por mês.
– Havia abuso dos planos. Quando a gente estava bem, não enxergava esses exageros.
Com a recuperação dos negócios, Fonseca planeja retornar com o benefício, mas vai em busca de um novo plano, com valor menor. Outro custo que também precisou ser reduzido foi com a alimentação dos trabalhadores. Para manter o benefício, ele reduziu a quantidade de pratos quentes e saladas.
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André Tajes
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