Caminhar sozinho, vestir uma calça, andar de bicicleta, dormir do jeito que quiser. Tarefas quase impossíveis para o frentista Henrique Lenon Feliciano da Silva, 23 anos, de Gravataí.
Desde 2013, quando sofreu um acidente de moto, ele trava uma luta diária pela saúde. Na época, Henrique passou por uma cirurgia de risco, pois quebrou o fêmur e o joelho esquerdos e corria o risco de ter a perna amputada.
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Com a esperança de que osso se regenerasse, foi colocado um fixador externo na perna. O aparelho deveria ser provisório e tirado após um tempo de acompanhamento. Entretanto, já com a prótese vencida, Henrique continua aguardando por uma nova cirurgia.
O risco de infecção é constante e Henrique não consegue dobrar a perna nem caminhar sem o auxílio de uma muleta. Para voltar a ter uma vida normal, o frentista, que atualmente recebe auxílio-doença do INSS, precisa que o fixador antigo seja retirado, que seja feito um enxerto no osso e colocada uma nova prótese, que também deve ser retirada assim que o procedimento mostrar efeito total de recuperação do fêmur.
Particular, o tratamento, que é feito em quatro fases, segundo Henrique, custa cerca de R$ 80 mil, valor que ele não pode pagar.
Logo após o acidente, Henrique foi encaminhado para o Hospital Dom João Becker, de Gravataí, para ser atendido via Sus. O hospital alegou não ter condições de cuidar do caso. A família entrou na Justiça solicitando que o município pagasse o tratamento em um hospital particular.
Após o ganho da causa, ele foi transferido para o Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre. Depois de quase três meses internado, Henrique teve alta. Durante um ano, continuou fazendo consultas periódicas no hospital.
– Até que fui informado de que o Beneficência não daria seguimento ao tratamento nem às novas cirurgias, porque Gravataí não estaria repassando o valor combinado para o hospital. Foi horrível e, desde então, sofro por conta deste descaso – relata Henrique.
Dores
Ele só consegue dormir virado para um lado, não pode caminhar muito e sente ainda um outro tipo de dor: a tristeza.
– Eu queria poder voltar a trabalhar, fazer minhas atividades sem depender dos outros. É triste porque tudo isso já podia estar resolvido. Andar na rua e as pessoas ficarem olhando também não é agradável e não tem como esconder, porque é uma grade em volta da minha perna – diz ele.
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Prefeitura diz não ter responsabilidade
A Secretaria Municipal da Saúde de Gravataí informou que após o paciente Henrique Lenon Feliciano da Silva ser inserido no sistema estadual para consulta médica com especialista em Porto Alegre, a responsabilidade passou a ser do hospital de referência, no caso o Beneficência Portuguesa.
Conforme decisão judicial do dia 4 de novembro de 2016, o Beneficência Portuguesa deve realizar os procedimentos cirúrgicos necessários para Henrique. Se ele tiver mais alguma dúvida, o município está à disposição para esclarecer.
A reportagem não conseguiu contato com o Beneficência Portuguesa.