O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que reúne os 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington (EUA), afirmou em relatório divulgado nesta segunda-feira que seus representantes voltaram "cautelosamente otimistas" de uma recente viagem ao Brasil. O instituto cortou mais uma vez a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2017. Em setembro, o IIF chegou a apostar em 1,5%, em dezembro reviu para 1% e agora acredita em 0,8%. Para 2018, a estimativa é de 3,2% de incremento.
As previsões são bem mais otimistas que as dos agentes financeiros brasileiros. Conforme o Relatório Focus do Banco Central desta segunda-feira, o PIB deve crescer 0,50% em 2017 e 2,20% em 2018.
De acordo com a instituição, apesar de ações de ajuste fiscal e da melhora nos níveis de confiança, há ainda alto endividamento de empresas e desemprego, fatores que emperram um crescimento mais acelerado.
Embora tenha cortado a projeção do PIB, o IIF fala em tom elogioso sobre as propostas de reformas que vêm sendo feitas pelo governo federal, especialmente a da Previdência, que acreditam que será aprovada no Congresso a despeito de "resistência política". Em dezembro, o instituto afirmava não acreditar que o presidente fosse capaz de encaminhar e obter aprovação das propostas de reforma, fator que motivou o corte da previsão do PIB à época.
Os maiores riscos à recuperação econômica do país, diz o texto, são domésticos, em especial a Lava-Jato. "Se as investigações, ainda em andamento, atingirem atores chave do governo ou do Congresso, poderá provocar atraso em reformas, infligindo um golpe fatal à confiança e à recuperação econômica".
Em relação ao ambiente externo, o Brasil não tem muito com o que se preocupar segundo a instituição, já que possui reservas internacionais e suas exportações respondem por apenas 11% do PIB.
Quanto aos juros, o instituto espera que o Banco Central mantenha o ritmo de corte, uma vez que a inflação está sob controle, e estima que a Taxa Selic termine o ano em 8,75%, aposta mais otimista que a do mercado brasileiro. No último Boletim Focus, a mediana da Selic para o final de 2017 seguiu em 9,50%.
O IIF ainda arrisca um palpite: o próximo presidente provavelmente será do PSDB ou do PMDB. "Embora não possamos descartar um candidato não tradicional, já que os eleitores anseiam por mudanças, uma economia amplamente melhorada deve dar suporte a candidatos tradicionais".