Um ano após um incêndio de grandes proporções atingir o Museu da Língua Portuguesa, o governo do Estado de São Paulo deu início nesta quarta-feira às obras de restauração do prédio da Estação da Luz, no centro da capital. Ao custo de R$ 65 milhões, a obra está prevista para ocorrer em três etapas e começa pela reforma das fachadas e esquadrias. O museu só deve ser reaberto ao público no primeiro semestre de 2019.
Quem passa pela Avenida Tiradentes já consegue ver andaimes na fachada da frente do prédio e tapumes na calçada - montagem teve início no dia 12.
– É uma obra pública que começa com a equação resolvida. Isso pode nos ajudar, talvez, a antecipar a entrega – afirmou o secretário Estadual da Cultura, José Roberto Sadek, que fez uma visita ao canteiro de obras pela manhã.
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Do total de investimento, R$ 34 milhões são da indenização do seguro contra incêndio. Uma "aliança solidária" com a iniciativa privada foi feita para pagar o restante da obra. São R$ 20 milhões da empresa portuguesa EDP, R$ 10 milhões do Grupo Globo e R$ 6 milhões do Itaú, segundo o secretário.
– A soma passa dos R$ 65 milhões, então há uma reserva para ajudar nos primeiros momento da implantação do museu – afirma Sadek.
O restauro das quatro fachadas e das esquadrias deve ser concluído em outubro de 2017, período em que também está prevista a contratação do projeto arquitetônico.
– O prédio é muito emblemático para a cidade. A ideia é manter a característica mais original possível, quer seja na cor quer seja em seus elementos – diz Wallace Alves, gerente das obras de restauração.
Com a contratação do projeto, têm início as obras para reconstrução da cobertura. O material usado será o zinco, o mesmo empregado antes e que derreteu no incêndio de dezembro de 2015. A reforma também chega em 2018 aos ambientes reservados para exposição, que formam a área mais afetada pelo fogo até a torre do relógio.
Segundo Sadek, ainda não há programação prevista para inauguração.
– Todas as energias estão voltadas para recuperar o prédio e fazer a construção. Vamos botar o transatlântico na água. As exposições serão vistas mais adiante – diz.
Obras
Antes do restauro começar, foram necessárias obras emergenciais na Estação da Luz. Por dois meses, guindastes interditaram a rua para remover escombros e retirar materiais consumidos pelo fogo que começou no primeiro andar e se alastrou pelo prédio.
– Como as paredes do perímetro ficaram intactas, nós fizemos a escoragem – diz Sadek.
Também foi realizada a impermeabilização da estrutura, para evitar que entrasse água da chuva no prédio.
– Ficamos trabalhando fisicamente no prédio por quase oito meses para manter o prédio em bom estado, apesar de não estar construído – diz o secretário.
Nesse período, o projeto também foi aprovado pelos três órgãos de proteção ao patrimônio histórico (o federal Iphan, o estadual Condephaat e o municipal Conpresp – o edifício é tombado nas três esferas).
O secretário promete "a mais moderna tecnologia de segurança contra incêndios", mas diz que os equipamentos só serão especificados no projeto que ainda será concluído.
– Hoje, temos vidros que não estouram com o calor, temos sensores diferentes e dispositivos que não precisam nem de água mais - usam gases para combater o fogo – afirma Sadek.
As treliças da cobertura serão de metal, e não mais de madeira, além de cabeamento não inflamável no prédio.
– A gente vai redobrar a atenção nessa questão – disse Wallace Alves.
Veja imagens do dia do incêndio:
*Estadão Conteúdo