É como se fosse uma transmissão de um jogo de futebol pela televisão. São dezenas de profissionais envolvidos, equipamentos de última geração e a mesma correria. Só que o esporte é surfe e é pela internet. A Liga Mundial de Surfe (WSL) faz a cobertura ao vivo do Hang Loose Pro Contest da Joaquina para cerca de 35 mil pessoas por minuto, em média, num show de imagens que só fica atrás de acompanhar pessoalmente com os pés na areia.
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Duas equipes de transmissão, com um locutor e dois comentaristas, são escaladas simultaneamente para cada dia: uma em inglês e outra em português. Eles ficam dentro de um contêiner próximo da praia acompanhando pelas TVs.
O repórter, que entrevista todos os surfistas que vencem as baterias, tem que se virar nos dois idiomas. O nome dele é Marcos Bocayuva, um carioca de 46 anos que desistiu de ser surfista para entrar na área de comunicação social. E tudo isso começou aqui na Ilha.
– Depois que eu parei de surfar, recebi uma proposta para ser crítico de música numa revista de surf de Florianópolis dos anos 90, a Inside. Depois eu fui para Trip, Fluir, SporTV, e estou aqui hoje – lembra.
O jornalista viaja o mundo inteiro cobrindo o circuito mundial e tem como lema: "minha casa é uma mochila e meu lar onde está meu coração". O locutor em português é o gaúcho Klaus Kaiser. Coincidência ou não, foi na Ilha da Magia que o mundo do surf entrou na vida dele.
– A preparação começa duas semanas antes com perfil dos atletas, pesquisa do local onde a prova vai ser realizada, a história da cidade, aí depois fica mais fácil de fazer o show acontecer – explica.
Antes de ir para a transmissão via web, Klaus era locutor de praia, que é outra função. Esse tem que orientar os atletas quanto o tempo e os pontos que precisam fazer. O que ele fala só é transmitido para os auto-falantes. Quem fica nessa cabine é o locutor Paulo Issa, junto com os comentaristas Tordão Bailo Jr e Julio Koerich.
Foi o Paulo que deu uma dura em um cinegrafista que estava com um drone próximo dos surfistas. Só podem os drones da WSL, como o do cinegrafista Marcelo Amaral, que veio do Rio de Janeiro só para trabalhar na competição.
– Assim como os atletas, a gente não pode errar. É um trabalho pesado. Por isso eu espero voltar aqui ano que vem, mas só a lazer, sem o drone – deseja.
Tecnologia catarinense na transmissão
Na época do primeiro Hang Loose, em 1986, a contagem de votos era no papel mesmo. Naquela edição, recém estava sendo testada uma tecnologia brasileira de computação, que hoje é indispensável nessa cobertura. O sistema evoluiu, e hoje cada juiz tem um tablet. O programa identifica a cor da camisa e diz quantos pontos o atleta precisa para se classificar.
Luciano Jardim, proprietário da empresa catarinense que está prestando serviço de transmissão para a WSL, desenvolveu outro sistema importante, de replay para os árbitros.
– O juiz, quando tem dúvida de uma manobra ou acontecem ondas simultâneas, ele recorre ao replay, e caso seja necessário pode mudar a nota. Esse sistema é made in Floripa e está sendo usado no Havaí e preparado para ser usado no próximo Big Waves também – destaca o programador.
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