O ex-ministro Antônio Palocci e outras 14 pessoas viraram réus na Operação Lava-Jato. O juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro contra os envolvidos na tarde desta quinta-feira.
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Na denúncia, oferecida pelo MPF, consta que Palocci teria utilizado seu poder político para dar diversas vantagens à empreiteira Odebrecht, entre elas, prioridades em contratos e licitações da Petrobrás. Nos documentos apreendidos pela PF, Palocci era citado com o codinome "Italiano" no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
O ex-ministro foi preso em 26 de setembro na 35º fase da Lava-Jato, intitulada Omertà. A Omertà identificou que, entre 2006 e 2015, o ex-ministro "estabeleceu com altos executivos da Odebrecht um amplo e permanente esquema de corrupção destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal".
Moro ordenou que os acusados fossem intimados com urgência, com prazo de 10 dias para resposta da defesa de cada denunciado. Ele não se manifestou sobre o pedido do MPF para que fossem bloqueados cerca de R$ 284,6 milhões das contas de todos os acusados, referentes ao pagamento de propinas e às operações de lavagem de dinheiro apuradas na investigação.
O juiz intimou, ainda, o próprio MPF para que esclareça o motivo de não ter incluído entre os denunciados o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, citado na denúncia pelos procuradores como alvo de pagamento de propinas.
Palocci ocupou o cargo de ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva até março de 2006, quando foi substituído pelo então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. De janeiro a junho de 2011, ocupou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff.
O petista pediu demissão após denúncias de improbidade administrativa, tendo sido, mais tarde, condenado. Palocci está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
Confira os nomes dos réus:
Antonio Palocci
Palocci foi ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e ministro-chefe da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff. Na gestão Dilma, Palocci pediu demissão após denúncias de improbidade administrativa.
Branislav Kontic
O sociólogo é considerado o braço-direito do ex-ministro Antonio Palocci, Kontic também foi assessor especial na prefeitura de São Paulo na gestão da então petista Marta Suplicy.
Marcelo Odebrecht
Marcelo Bahia Odebrecht é engenheiro civil e desde dezembro de 2008 é presidente da Organização da família, a empreiteira Odebrecht, maior empresa do ramo no país e uma das principais investigadas na Operação Lava-Jato. Marcelo está preso, em Curitiba, desde 19 de junho de 2015, acusado de ser um dos líderes do esquema de cartel e corrupção na Petrobras.
Fernando Migliaccio da Silva
Silva é funcionário da Odebrecht e é investigado por conta de sua atuação no gerenciamento de contas controladas pela Odebrecht no exterior.
Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
Silva Filho, um dos diretores da Odebrecht, foi preso preventivamente em 22 de março desta ano na Operação Xepa, 26ª fase da Operação Lava-Jato. O executivo é apontado como um dos operadores de propinas por meio de offshores (empresas abertas em paraísos fiscais).
Luiz Eduardo da Rocha
Rocha é um dos executivos da empreiteira Odebrecht investigados na Operação Lava-Jato.
Olivio Rodrigues Junior
É um executivo ligado à Odebrecht e apontado por intermediar repasses de dinheiros para offshores.
Marcelo Rodrigues
O operador financeiro Marcelo Rodrigues, preso na 26ª fase da Operação Lava-Jato. Ele é suspeito de operar e controlar contas no exterior para agilizar pagamentos ilícitos realizados pela Odebrecht.
Rogério Santos de Araújo
Araújo é ex-diretor da Odebrecht. Em delações premiadas, ele é apontado como responsável por acertos de propinas com agentes da Petrobras.
Mônica Moura
Mônica Moura é mulher do publicitário e ex-marqueteiro das campanhas de campanhas dos ex-presidentes Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010/2014), João Santana. O casal foi preso preventivamente em fevereiro, na Operação Acarajé – 23ª fase da Lava-Jato que mirou os pagamentos que somaram US$ 4,5 milhões no Exterior em uma conta secreta do casal – e atualmente responde a duas ações penais na Lava-Jato.
João Santana
Ex-marqueteiro das campanhas de campanhas dos ex-presidentes Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010/2014), João Santana e sua mulher, Mônica Moura, foram presos preventivamente em fevereiro, na Operação Acarajé – 23ª fase da Lava-Jato que mirou os pagamentos que somaram US$ 4,5 milhões no Exterior em uma conta secreta do casal – e atualmente responde a duas ações penais na Lava-Jato.
João Vaccari Neto
João Vaccari Neto é ex-tesoureiro nacional do PT e está preso desde abril de 2015 acusado de ser um dos recebedores de propina para a legenda.
João Ferraz
João Carlos Ferraz é ex-presidente da Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para administrar as sondas do pré-sal. Ferraz confessou receber propina de empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
Eduardo Musa
Musa é ex-gerente da área Internacional da Petrobras e um dos delatores da Lava-Jato.
Renato Duque
Renato de Souza Duque, é ex-diretor de serviços da Petrobras e é denunciado na Operação Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
*Zero Hora com agências