O Parlamento da União Europeia ratificou, nesta terça-feira, o Acordo de Paris, abrindo assim a perspectiva de sua entrada em vigor quase imediata. Somando-se às ratificações dos Estados Unidos, da China, da Índia e do Brasil, entre outras, o aval de Bruxelas, que representa o bloco, deve permitir à Organização das Nações Unidas (ONU) considerar o novo tratado para enfrentar as mudanças climáticas como vigente até o início de novembro. Com isso, tem início a contagem regressiva para o cumprimento dos objetivos fixados em Paris em dezembro de 2015.
A ratificação da União Europeia acontece 10 meses depois da 21ª Conferência do Clima (COP21), realizada na capital francesa. O aval dos europeus se segue ao das chancelas dos EUA e da China – os dois países mais poluentes do planeta, com 17,89% e 20,09% do total. O acordo precisa de 55 países signatários, que juntos representassem 55% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Leia mais
União Europeia mantém suspensão das Farc de lista de grupos terroristas
Após acordo de paz, UE decide suspender as Farc da lista de organizações terroristas
Presidente filipino mostra dedo médio para a União Europeia
Trinta dias depois de alcançar essas duas metas, o texto entrará em vigor. Até aqui, o número de países que já ratificaram o tratado chega a 62, mas ainda abaixo do piso das emissões, porque representam 51,89% do total.
Com a decisão do Parlamento Europeu, sete novos países – Alemanha, França, Áustria, Hungria, Eslováquia, Malta e Portugal – passam a figurar nos cálculos da ONU, o suficiente para a homologação. O problema é que parlamentos nacionais da Polônia, Dinamarca, Eslovênia e Suécia ainda precisam votar o texto para que ele entre em vigor em seus países, o que já foi feito por Portugal e Grécia. Itália, Reino Unido e Holanda estão mais atrasados.
A etapa seguinte, então, será uma formalidade: a entrega da documentação necessária às Nações Unidas. Em um discurso aos eurodeputados em Estrasburgo, na França, minutos antes da votação, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o apoio da UE para que o acordo possa entrar em vigor o mais rápido possível.
– Vocês têm uma oportunidade de fazer história ajudando a levar o mundo a um futuro melhor – afirmou aos parlamentares reunidos.
O diplomata lembrou ainda que 175 países assinaram o texto em dezembro passado, e têm a obrigação de levar seu compromisso até o fim.
Mesmo com a homologação, a entrada em vigor do Acordo de Paris não está de todo garantida antes da abertura da 22ª Conferência do Clima (COP22), que será realizada no Marrocos a partir de 7 de novembro. Esse é o marco simbólico desejado por governos e por organizações não-governamentais.
Depois da ratificação pela Índia, no domingo, e pelo Brasil, no mês passado, restam poucas potências emergentes confirmarem seu engajamento. Esse é o caso da Rússia. Mas mesmo dentro da União Europeia algumas reticências ainda se fazem sentir.
– Foi necessário superar algumas objeções – revelou a ministra do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal. – Países como a Polônia foram duros de convencer, mas todo mundo compreendeu que a urgência climática pressupõe uma urgência nos procedimentos europeus – disse.
*Estadão Conteúdo