A Justiça Eleitoral realizou na tarde deste domingo buscas em comitês vinculados à candidata à prefeita Beth Colombo (PRB), apoiada pelo atual prefeito, Jairo Jorge (PT).
A primeira verificação aconteceu num casarão situado na esquina das ruas Victor Barreto e Siqueira Campos, no centro da cidade, sede de um comitê do Partido dos Trabalhadores (PT) em Canoas. A segunda busca ocorreu na sede do PRB, na Rua Alberto Torres, também no centro.
A ação teve apoio de agentes da Polícia Federal (PF), confirmou a Zero Hora um delegado federal que atua na repressão a crimes eleitorais. Os agentes, acompanhados de servidores da Justiça Eleitoral, buscavam panfletos que acusam um candidato à prefeitura de Canoas (Luiz Carlos Busato, do PTB, adversário de Beth) de participar da tentativa de fraude em urnas eleitorais. Há cerca de 10 dias, a PF descobriu que estelionatários tentaram vender a candidatos de diversas prefeituras gaúchas um esquema de falsificar apuração das votações.
Os policiais vasculham neste domingo comitês da coligação Bloco do Orgulho Municipal (BOM), cuja candidata à prefeita é Beth Colombo (PRB), apoiadora do atual prefeito, Jairo Jorge (PT). A suspeita é que algum desses locais guardasse panfletos contra Busato, colocando-o sob suspeita de fraudar urnas eleitorais.
As buscas, ordenadas pela juíza Patrícia Tonet, resultaram em apreensão de 137 panfletos que mencionam a fraude nas urnas, revelou uma fonte. Os panfletos são do PRB e mencionam frases do prefeito Jairo, que assume ter comentado que um adversário é suspeito da fraude das urnas.
A ação da Justiça revoltou apoiadores de Beth, que reclamam de perseguição política. O PT divulgou nota salientando que os panfletos não são de sua autoria e que a Justiça Eleitoral fez buscas de forma equivocada. Já o PRB assumiu a autoria dos panfletos, mas sugeriu que a Justiça mire também seus adversários.
– É curioso que façam buscas apenas contra quem lidera. Vamos esperar para falar – diz o presidente do PRB em Canoas, Leonardo Kovalew.
É a segunda busca realizada em prédios ligados à candidata Beth Colombo em menos de uma semana. Na sexta-feira a PF desencadeou a Operação Suffragium, que apura possíveis irregularidades na arrecadação de campanha de Beth Colombo.
Um dos conduzidos para depor na PF foi o ex-tesoureiro da coligação Guilherme Ortiz. A operação apreendeu cerca de R$ 500 mil no comitê da coligação e na casa de Ortiz, que era um um dos funcionários que estavam no comitê da coligação no momento da ação da PF sexta-feira. Segundo a Polícia Federal, foram encontrados R$ 176,7 mil em dinheiro e R$ 50 mil em cheque em uma mochila que seria de Ortiz e mais R$ 300 mil na residência dele. O tesoureiro foi conduzido coercitivamente à sede da PF em Porto Alegre, onde preferiu ficar em silêncio e não esclareceu a origem do dinheiro apreendido na ação. Ele se declarou "desempregado".
À Justiça Eleitoral, a candidata Beth declarou ter recebido apenas R$ 190,85 mil em doações para a campanha. As despesas contratadas pela coligação somam R$ 282.130,44 - sendo R$ 152.512,44 a quantia já quitada. Ela será chamada para depor pela PF.
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O presidente do PRB em Canoas afirmou que a coligação decidiu afastar Ortiz da coordenação financeira. O advogado Marcos Dewitt Weingartner, filiado do PRB, será o novo titular na função. Guilherme Ortiz foi secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Canoas na gestão Jairo Jorge (PT). Por meio de nota, a assessoria de imprensa da coligação Bloco do Orgulho Municipal (BOM) afirma que "os valores, diversamente do que foi noticiado nos meios de comunicação, não foram encontrados no comitê". No entanto, a PF reafirmou que os R$ 176,7 mil em dinheiro e R$ 50 mil em cheque teriam sido encontrados dentro da mochila usada pelo ex-coordenador financeiro da coligação na sala da tesouraria, que fica dentro do comitê.
As outras duas pessoas que foram alvo de condução coercitiva são dois funcionários que trabalhavam em um galpão que armazenava material de campanha de Beth Colombo. Eles foram ouvidos na condição de testemunhas. Segundo a PF, o depósito não foi declarado à Justiça Eleitoral. Também foram apreendidos na operação computadores e celulares dos suspeitos.
A Justiça Eleitoral deverá investigar as possíveis irregularidades cometidas pela coligação, apontadas pela PF. A Polícia Federal informou que repassou as informações colhidas na operação ao Ministério Público Eleitoral, que deverá investigar o caso. A PF também pediu sigilo nas investigações. Procuradas por Zero Hora sexta-feira, as assessorias de comunicação do MP Eleitoral e do TRE disseram não ter conhecimento ou informações sobre ação contra a candidata.