Entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sexta-feira foram registrados pelo menos cinco assaltos – quatro a pedestres e um a um trailer de lanches – em Santa Maria, num período de sete horas. E esse crime tem crescido ano a ano. Conforme dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), no primeiro semestre deste ano foram 1.037 assaltos, sejam a pedestre, estabelecimentos comerciais, residencias, coletivos, entre outros. O acréscimo é de quase 25% em relação ao mesmo período do ano passado, e de 153% nos primeiros semestres em cinco anos. Das 10 cidades mais populosas do Estado, nove registraram esse aumento. Em termos de percentual em meia década, só Gravataí, na região metropolitana, viu o crime triplicar. Confira os dados abaixo.
Para o delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, o déficit da Brigada Militar e o recente envio de policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE) para reforçar a Operação Avante, em Porto Alegre, são fatores que facilitam a ação dos criminosos. Com a criação da Delegacia de Homicídios, o delegado planeja que as delegacias distritais deem mais atenção aos roubos. No entanto, diz que só será possível ter uma ideia melhor sobre os índices no final do ano.
– Já acendeu o sinal de alerta. As delegacias têm feito operações, a 1ª DP deu uma resposta rápida no latrocínio. Acontece que esse número do primeiro semestre tem um problema: tiraram 80 brigadianos das ruas da cidade. Menos polícia, mais roubo. Já estamos trabalhando com mais afinco no roubo, mas é pouco tempo – afirma.
O comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), tenente-coronel Erivelto Hernandes, responsável pelo policiamento em Santa Maria, prefere não falar diretamente sobre os dados, que ainda não os analisou, já que assumiu o comando há uma semana. No entanto, ele concorda que a ida de policiais para a Capital contribuiu.
– A saída do efetivo para Porto Alegre é um fator. Menos viaturas circulando, menos policiais atuando. Isso favorece. O segundo, mas não menos importante, é a sensação de impunidade. Os criminosos se sentem a vontade, porque sabem que se forem presos, logo estarão soltos – acrescenta.
Roubos a veículos também cresceram
Até o ano passado, a cidade comemorava o índice de ser a que menos registrou roubos a veículos entre as 10 maiores do Estado. Foram 30 em todo o 2015. No primeiro semestre de 2016, foram 32 _ 22 a mais que no mesmo período do ano passado, e dois a mais do que todo o ano, o que representa aumento de 220%. Se levados em consideração os últimos cinco anos, são 128,6%.
Meinerz explica que foram detectadas duas diferenças em relação ao ano passado. Uma é o aumento do chamado golpe no seguro. Outra, quadrilhas que roubam para praticar assaltos. Um grupo preso em junho deste ano foi responsável por roubar sete veículos, que foram usados neste tipo de crime.
– Esse ano houve um aumento desproporcional. Constatamos esse golpe, e também a ação dessa quadrilha, que é um fator que não tínhamos no ano passado – afirma.