Não importa a idade nem qual seja a adversidade. A gente sabe que, na hora do aperto, não há limites para os pais na hora de lutar pela felicidade e pela vida dos filhos. Tudo para ver aquele sorriso no rosto que não há dinheiro no mundo que pague. Para ficar mais perto da filha de sete anos, o marceneiro Amarildo de Jesus Ávila, 50, reformou o furgão da família que usava para o trabalho e o transformou em uma casa móvel, com armários, máquina de lavar e até uma cozinha.
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Tudo para poder ficar mais próximo da pequena Vithorya Dalavia de Jesus Ávila, que precisou ficar duas semanas internadas no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) depois de trocar a válvula que auxilia no tratamento da hidrocefalia, doença que a acompanha desde que nasceu.
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A família é de São Luiz Gonzaga, município da região das Missões. Cerca de 310 quilômetros separam a casa deles do hospital, onde Vithorya nasceu e faz o acompanhamento médico. Enquanto a mãe, Eliana Maria Duarte Dalavia, acompanhava a filha no leito, o pai, que trabalha como marceneiro, esperava sua vez de vê-la na casa-furgão, estacionada atrás do Pronto-Socorro do Husm.
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As irmãs de Amarildo se revezaram para não deixar o irmão sozinho durante a internação da pequena.
– Ou era ficar nos bancos ou isso. Ele nunca se queixou, disse que ficava bem. Eles preparavam almoço, janta, tomavam chimarrão. O pai dela não fica longe de jeito nenhum. Foi uma segunda chance que tivemos, essa experiência serviu para ver que devemos aproveitar a vida, ficar mais ao lado dela. A gente já trabalhou tanto, se estressando, que agora é só curtir – desabafa a mãe.
No Dia dos Pais, irmãos, cunhado, sobrinho vieram para Santa Maria visitar Vithorya, que, da janela acenava para as visitas.
_ Quando se tem algum parente doente, tudo muda. É natural a gente ficar apreensivo, querer ficar perto. A família toda faz de tudo para ficar perto dela. A gente vive para ela – relata Amarildo.
Mas na sexta-feira, após 14 dias de antibiótico para evitar a rejeição da válvula, a menina subiu na van, rumo ao lar. No rosto de Vithorya a expressão de alegria revelava a inquietude em voltar para casa. Enquanto ficou no hospital, ela recebeu 11 medalhas pela coragem na hora de tomar injeção. Uma verdadeira campeã:
– Eu não chorei. Eu levava várias picadas todo dia e não chorava.
Agora, a família pretende aproveitar a casa móvel para viajar e curtir a vida.